Assim como boa parte dos principais aliados do governador Beto Richa (PSDB), o secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais do Paraná, Ezequias Moreira, também aparece na delação premiada feita pelo dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, nas investigações da Operação Quadro Negro. Segundo o empresário, Ezequias foi um dos destinatários do dinheiro desviado da construção de escolas para abastecer a campanha do governador.
O nome de Ezequias ficou conhecido em 2007, quando veio a público o caso da “sogra fantasma”. Verônica Durau, mãe da esposa de Ezequias, constava na folha de pagamento da Assembleia Legislativa na época em que ele era chefe de gabinete do então deputado estadual Beto Richa. Ezequias reconheceu o “erro” e devolveu o dinheiro. Em abril de 2017, foi julgado pelo Tribunal de Justiça e condenado a seis anos e oito meses de prisão, mas o crime foi considerado prescrito por causa da demora para julgar o caso.
Agora, Ezequias se vê novamente citado em um escândalo. O nome aparece sete vezes na delação do empresário. Segundo Souza, o secretário era um dos autorizados a receber a propina destinada a abastecer o caixa 2 da campanha de reeleição de Beto Richa, em 2014. O G1 e a RPC tiveram acesso aos depoimentos do empresário. A delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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Outro lado
De acordo com a assessoria de imprensa, o governo vai esperar a decisão da Justiça sobre a colaboração premiada. “A delação do senhor Eduardo Lopes de Souza não encontra respaldo na realidade. Nunca tive contato com essa pessoa. Sequer a conheço. Não fiz parte de qualquer ato da campanha eleitoral de 2014 do governador Beto Richa. E em minha vida nunca participei de qualquer comitê financeiro de nenhuma campanha eleitoral”, informou Ezequias, por nota enviada à imprensa.
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Histórico
A situação de Ezequias no governo é cercada de controvérsias. Ele acompanha Beto Richa desde os tempos de deputado estadual e prefeito de Curitiba. Foi nomeado no conselho gestor da Sanepar, no primeiro mandato do tucano no governo do estado. “Ele [Ezequias] reconheceu o erro e pagou a conta dele. Nesses casos, sempre me refiro a uma citação bíblica que fala de perdoar o pecador e não o pecado”, disse Beto Richa. O processo sobre a “sogra fantasma” tramitava a passos lentos até julho de 2013 e quando estava prestes a ser concluído, Ezequias foi nomeado secretário especial, ganhando o direito de foro privilegiado, passando a ter o caso analisado diretamente pelo Tribunal de Justiça. Mais quatro anos se passaram até o julgamento – o que contribuiu para que a prescrição, ou seja, para a perda do poder de punir.
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