A promessa do governo federal de publicar um novo edital do Mais Médicos nesta terça-feira (20) deixou otimistas os prefeitos paranaenses. Na tentativa de suprir a saída repentina dos quase 8,5 mil profissionais cubanos do Brasil e garantir que todo o país seja atendido pelo programa, as inscrições em cada município se darão por ordem de chegada. No Paraná, a baixa proporcionada pelo desentendimento do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) com Cuba será de 458 médicos, que atuam hoje em 187 das 399 cidades do estado.
Nesta segunda-feira (19), o presidente Michel Temer (MDB) e o ministro da Saúde, Gilberto Ochi, se reuniram com cerca de 1 mil prefeitos em Brasília. Entre as pautas prioritárias do evento organizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) está justamente o Mais Médicos. Por isso, o governo federal anunciou no encontro que o sistema do programa estará aberto a partir das 8 horas da próxima quarta-feira (21) para o preenchimento de 8,5 mil vagas para profissionais – brasileiros ou estrangeiros formados no Brasil − com registro em algum Conselho Regional de Medicina (CRM).
Para tranquilizar os prefeitos, o modelo de candidatura às vagas será diferente do anterior, em que vários médicos se inscreviam para um único município enquanto outras cidades acabavam não tendo inscrições. Agora, as vagas abertas em cada município serão preenchidas por ordem de chegada. Uma vez que todas elas estejam ocupadas, o sistema será fechado e o profissional terá de optar por outra cidade.
“Essa, sem dúvida, é a principal reivindicação dos prefeitos de todo o Brasil. O governo federal se comprometeu com o lançamento desse edital e deixou a todos nós muito otimistas”, afirmou Frank Schiavini, presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e prefeito de Coronel Vivida. Ele lamentou a saída dos médicos cubanos e disse que, apesar de não haver um profissional de Cuba atuando na cidade que administra, recebeu referências muito boas dos demais prefeitos. “A população gosta muito do atendimento deles, que, além de ser muito bom, é humano. Foram raros os casos de problemas com profissionais cubanos.”
No Paraná, a cidade mais afetada será Ponta Grossa, que dispõe de 56 médicos cubanos – a maior quantidade no estado. O número representa 75% da força de trabalho nas unidades básicas do município dos Campos Gerais.
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E, para além da questão de saúde pública, o tema mexe também com as finanças já combalidas das prefeituras. Ao comentar o prejuízo com a volta dos médicos a Cuba, um prefeito paranaense ouvido pela reportagem disse que “não é muito difícil fazer contas”. Enquanto um profissional do Mais Médicos exige, no caso dele, um desembolso de cerca de R$ 5 mil, outro contratado no sistema tradicional custaria em torno de R$ 15 mil.
Preenchimento de vagas
Na próxima segunda-feira (26), o governo federal publicará outro edital, liberando as vagas remanescentes desta semana para cerca de 17 mil médicos formados no exterior, brasileiros ou estrangeiros, que estariam na expectativa de aderir ao programa. Para acelerar esse processo, o Ministério da Educação estuda um novo Revalida, exame que reconhece os diplomas de médicos que se formaram no exterior e querem trabalhar no Brasil.
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