“Não para em pé um governo que é um balcão de negócios. Não tem como parar em pé. Negócio, negócio, negócio. O dia inteiro é negócio. Se fossem lícitos, tudo bem, mas não”. Essa é a avaliação do empresário Tony Garcia , o homem que abalou as estruturas do poder do Paraná, sobre a gestão de Beto Richa (PSDB) no Palácio Iguaçu. Com a delação que fez ao Ministério Público Estadual do Paraná (MP-PR) detalhando fraudes no programa Patrulha do Campo, ele teve papel fundamental na prisão do ex-governador, da mulher dele, Fernanda, e de outros aliados que teriam tido participação no esquema.
A Operação Rádio Patrulha, deflagrada na terça-feira (11), com 15 mandados de prisão, suspeita que Richa chefiou uma quadrilha, formada também pelo irmão, Pepe Richa, ex-secretário de Infraestrutura e Logística; Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete; Ezequias Moreira, ex-secretário de Cerimonial; Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador; Edson Casagrande, ex-secretário de Assuntos Estratégicos; e os empresários Joel Malucelli e Celso Frare, entre outros. Os citados que se manifestaram rebateram as acusações.
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O empresário Tony Garcia, de 65 anos, além de delator do esquema, tem uma visão privilegiada para falar do tucano. Ele tem bom trânsito nos círculos políticos de Curitiba, do Paraná e do Brasil desde o fim dos anos 1980. No cenário nacional, criou laços com Fernando Collor e Eduardo Cunha, para citar só dois expoentes políticos do Brasil. Em Curitiba, construiu uma amizade com Richa que transcendia da política: corriam juntos de kart quando jovens. “A gente conversava sobre amenidades. Era um cara muito simples, de um trato maravilhoso, com pessoas boas ao lado. Casou com a Fernanda, a vida dele mudou, mas a gente continuava correndo juntos”. Conta que ajudou na primeira campanha dele, em 1992, quando não conseguiu se eleger vereador na capital paranaense – em uma época que o pai, José Richa, ex-governador, dizia que o filho não tinha perfil para política.
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo na última quarta-feira (12), relembrou dos fatos passados e detalhou sua versão sobre o esquema agora investigado na Rádio Patrulha, bem como de outros fatos que estão sendo apurados pela força-tarefa da Lava Jato – na mesma terça-feira em que Richa foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP-PR, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-governador e outros aliados, na operação batizada de Piloto.
A partir de 1999, Tony e Richa ficaram bem próximos, ambos atuando na base de apoio de Jaime Lerner na Assembleia Legislativa. “Era uma pessoa que não gostava de polêmica, até preferia ficar de fora do plenário, evitava qualquer coisa que tivesse que contestar. Eu era o contrário”, relembra. No ano seguinte, o empresário deu o empurrão fundamental para Richa decolar politicamente: sugeriu o nome dele para ser vice na chapa de reeleição de Cassio Taniguchi à prefeitura de Curitiba. “Não queriam um vice que incomodasse. Anos antes, o Carvalhinho [José Carlos Gomes Carvalho, vice-prefeito e ex-presidente da Federação das Indústrias do Paraná, morto em 2003] tinha criado muita confusão quando assumia interinamente. Então sugeri ao José Carlos Martinez, do PTB, que tinha a prerrogativa de indicar o vice, o nome do Beto, que era um cara tranquilo. Nunca me esqueci do gesto dele, olhando para mim e dizendo que ‘tá aí, um bom nome’”, relata.
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Tony diz se recordar bem da conversa que teve com Beto em seguida, contando sobre a novidade: “Primeira pergunta que ele fez para mim, algo que é da personalidade dele foi ‘quanto ganha um vice-prefeito?’ . Falei que não importava, que iam convidá-lo e que era para ele não encher o saco, que poderia abreviar a carreira, caso o Cassio saísse para concorrer a deputado, ele assumiria a prefeitura”. Isso não ocorreu, mas Richa concorreu e venceu a eleição em 2004.
Nessa época, diz o empresário, Beto se valeu de um corpo técnico que permaneceu na prefeitura de outras gestões, e atuava sob a orientação de Ezequias, que já havia trabalhado com José Richa, e também do primo, Luiz Abi. “Ele era um cara cheio de boas intenções. Mas na reeleição para a prefeitura chegou de forma diferente. Começou a chegar perto dele gente ruim, e uma dessas pessoas era o Deonilson [com mandado de prisão pela Rádio Patrulha mas preso no último dia 11 pela força-tarefa da Lava Jato]. O Beto não gostava de ler projeto, passava para o Deonilson ler. Ele não tinha a visão administrativa. Ali nesse tempo, esse pessoal ruim começou a agir com mais força, só elogiando o Beto. Até que ele chega estrondosamente no governo do estado”, diz, em referência à vitória já no primeiro turno na eleição de 2010. Teria começado então uma briga de “facções”, do grupo de Ezequias, Deonilson e de Abi. Para tentar controlar seus aliados, diz Tony, Beto adotou uma estratégia: governar “falando mal de um para outro”, para que todos estivessem sempre desconfiados.
Primeira pergunta que ele [Beto Richa] fez para mim, algo que é da personalidade dele foi ‘quanto ganha um vice-prefeito?’ . Falei que não importava, que iam convidá-lo e que era para ele não encher o saco
Delação
Antes da cizânia se agravar, Tony Garcia conta que se interessou pelo projeto do programa Patrulha no Campo, primeiro apresentado pelo empresário Celso Frare, da Ouro Verde, com atuação em São Paulo. Ele propôs um projeto de locação de máquinas, considerando que a situação orçamentária do estado não permitia a compra de equipamentos. Frare atuava em outros estados, mas era visto pelo PSDB local como “alguém que apoiava o PT”, e por isso se aproximou de Tony e do empresário Osni Pacheco, morto em 2016, que era da Cotrans, empresa que já tinha feito vários contratos com Richa quando ele era prefeito.
“Já no começo do governo a gente apresentou o projeto, mas o estado não tinha dinheiro. Em 2012, um pouco antes, o Beto ganhou fôlego. Falou que eu tinha que convencer o Abi das vantagens de locar o maquinário em vez de comprar. Ele tinha resistência, mas o governador mandou tocar. Aí começaram vários óbices. Com o discurso que um ganha tal lote, outro ganha outro lote, começaram a montar o edital. De um jeito que impedisse mais concorrência. Por exemplo: contrato de 12 meses, o que não daria segurança para ninguém investir R$ 40 milhões, porque não teria retorno nesse período”. Surgiu a proposta de se destinar de 8% a 10% do valor do contrato para pagamento de propina a agentes públicos.
E, no meio disso, Tony conta que foi “escanteado” pelos participantes. “Eu tentei fazer algo que me parecia bacana, uma nova frente de trabalho. Tenho uma transportadora. Era uma oportunidade de negócio, entrar junto com caras com 30, 40 anos de experiência em uma nova frente, um sonho”, afirma. Segundo ele, essa seria a primeira vez que atuaria em uma licitação pública. Mas na hora “H” nem a Cotrans, nem a Ouro Verde aceitaram abrir uma empresa para ele ter uma participação. Foi ofertada uma comissão, a qual ele disse ter recusado. “Tenho prova de tudo”. Para tentar se manter no negócio de algum jeito, chamou o empresário Joel Malucelli, da J. Malucelli, o que provocou a ira dos demais envolvidos. Mas ficou acertado que seriam três lotes, um para cada empresa.
As brigas aumentaram e o clima piorou. Osni teria descoberto que estava sendo grampeado, mas, em um momento de descontração, ele próprio contou a Tony Garcia que estava gravando todo mundo. Um dos áudios que embasou os pedidos de prisão da Operação Piloto é de uma conversa de 12 de dezembro de 2012, na sede da Cotrans, entre Osni, Frare, Pepe e Tony, na qual eles tratam do porcentual da propina. Na conversa, um acerto para entregar na campanha metade do valor desviado e a outra metade seria repassada mensalmente a Aldair Petry, o Neco, ex-funcionário do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). “Fazemos um caixa pra campanha do Beto pra reeleição. Projeto político nosso”, diz Celso na gravação.
Outra gravação mostra uma conversa de Tony e Richa em novembro de 2013, na qual o tucano reclama de atrasos no repasse de Celso Frare e pedindo que o amigo “vá pra cima”. O tucano relata que o dono da Ouro Verde agradeceu a entrada do “tico-tico lá que tava atrasado” e diz que “não sabe de nada” para não se envolver diretamente no esquema. “Deixa, você tem que ficar quieto. Fica na tua. Eu vou lá falar com ele”, promete Tony.
Ainda dias antes da data da licitação – o edital foi lançado no fim de 2011 e os contratos firmados em 2012 –, Tony partilhou uma informação: haveria outras empresas na disputa. Edson Casagrande, então secretário de governo, e outros empresários, também presos na Rádio Patrulha, apresentaram proposta pela empresa Terra Brasil, a qual foi declarada vencedora em dois dos três lotes licitados. “Conseguiram que o Casagrande saísse de um lote. O Frare assumiu. O Joel reclamou, dizendo que era um por todos, todos por um. Ninguém queria rachar nada, mas aí ele fez um contrato de gaveta, disfarçado. Nessas tratativas, colocavam o Casagrande, que acabou sendo vítima. Ele era representante de máquina chinesa e como tinha microempresa, podia baixar até 10% o valor. O pecado dele foi ter arranjado empresa laranja e entrar sem avisar”, diz.
Com a nova divisão, Tony ficou de fora. Mas mesmo assim continuava ligado aos envolvidos. Conta que morava no mesmo prédio que Osni Pacheco, que um dia, doente em casa, antes de viajar para tratamento médico, o chamou: “Falou: se eu não voltar, vou te deixar uma amostra de coisas que tenho, um advogado amigo meu vai entregar. Ele queria que o Celso e o Joel comprassem as máquinas dele e assumissem o financiamento que fez para entrar no negócio. E ele me deu amostras do que tinha gravado. Áudio e um pedaço que o Celso Frare aparece, esse vídeo que está circulando, com o dinheiro, o advogado dele que filmou do celular. Eu avisei o Beto, o Pepe, o Celso, o Joel, o Ezequias, o Deonilson, o Abi”.
Tony Garcia também tinha gravações. Era uma precaução, devido às intrigas que apareciam no governo. “Eu alertava ele de muita coisa. Gente do governo que achacava empresário, eu ia e falava. No começo eu achava que ele me ouvia e resolvia. Em determinado momento, o que eu falava passou a servir para ele dar a volta ou me colocar no rolo. Quando eu via que o Ezequias estava fazendo alguma coisa errada, eu ia e falava para ele. O Beto reclamava dele. Comecei a ficar preocupado. Se ele falava mal do cara que estava junto com ele há 20 anos, no governo dele, o que ia falar de mim? De repente, falava mal do Pepe, da mulher”, relata.
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Por meio de uma rede de relações, o empresário soube que o programa Patrulha do Campo era alvo de uma investigação. Quando o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) Nelson Leal Júnior foi preso em fevereiro de 2018, na Operação Integração, uma das fases da Lava Jato, Tony Garcia se alarmou. Sabia que ele tinha recebido propina por conta do programa. Então, procurou o MPF, que o orientou a procurar o MP-PR para falar sobre o programa estadual. Tony então firmou um acordo de delação premiada, do qual se diz muito tranquilo para comentar após as prisões ocorridas nesta semana.
Dinamite
Questionado se sente mágoa de Beto Richa, Tony Garcia confirmou que sim. “A mágoa é do massacre que fez em cima de mim. Todas as pessoas próximas dele, que o ajudaram no começo, brigaram com ele. Mágoa é ser traído por um cara que é seu amigo. De inimigo, você espera. Mas de um amigo, que só ajudou, não. A gente ia fazer corrida, ele tinha que alugar o carro, se não fosse os cunhados que patrocinassem, ele não ia correr. Às vezes eu pagava para ele. Ele era desse jeito. A mágoa é da traição que ele fez. Tanto ele quanto a Fernanda, em relação a mim”, admite.
O empresário também ressalta todas as vezes que tentou alertar Richa sobre irregularidades. No começo de novembro de 2015, após o tucano se envolver em vários escândalos – foram deflagradas as operações Quadro Negro, sobre desvio de recursos para obras de escolas; a Publicano, para apurar fraudes na Receita Estadual com vistas a abastecer caixa 2; e a Voldemort, de fraude em uma licitação para manutenção de veículos oficiais do estado – Tony Garcia publicou uma carta aberta, falando sobre a alta rejeição ao tucano (na esteira também da ação policial na chamada “Batalha do Centro Cívico”), e lamentando a influência de aliados. “E eu via como o Beto estava fazendo com todos os amigos próximos. Sobre o Luiz Abi, que ele amava mais do que um irmão, falou que era amigo distante. Depois, sobre o Maurício Fanini [gestor da Secretaria da Educação envolvido na Quadro Negro] ,que é vagabundo. Ele começou a jogar todo mundo aos leões. E lá atrás já tinha feito comigo, porque queria colocar o pessoal dele e me tirar”, relembra.
Mágoa é ser traído por um cara que é seu amigo. De inimigo, você espera. Mas de um amigo, que só ajudou, não. A gente ia fazer corrida, ele tinha que alugar o carro. Às vezes eu pagava para ele. A mágoa é da traição que ele fez. Tanto ele quanto a Fernanda, em relação a mim
No fim daquele novembro, Osni Pacheco morreu. Nessa época, o governo já havia interrompido o programa Patrulha no Campo, e as empresas cobravam uma dívida do contrato não finalizado. O advogado de Osni procurou Tony, que pediu ajuda para tentar resolver a situação, sem sucesso. Tony Garcia lê para a repórter da Gazeta do Povo uma mensagem do celular datada de 27 de fevereiro de 2016, que, segundo ele, foi enviada a todos os envolvidos: “Já sofri muito por negligenciar situações e pessoas. Me dobro em mil para resolver pendências, as quais sei que serão catastróficas se deixarem correrem soltas. Me atingem em cheio e não vou deixar isso acontecer de novo na minha vida. Tentei buscar soluções conjuntas. Fui mal interpretado. Se viraram todos contra o mensageiro. Faço esse relato por ter saído de uma conversa horrível com o advogado do velho [Osni]. Deixei claro a ele e expus o recado a todos que não seria mais interlocutor de ninguém e resolveria com ele, pontualmente, o que a mim diz respeito. Recomendei a ele procurá-los e colocar as cartas na mesa. A situação é a seguinte: um caminhão carregado com 50 toneladas de dinamite está descendo a ladeira sem freio. E, a partir de hoje, sem motorista. Se nenhum de vocês assumir a boleia, o desastre será iminente. Quem avisa amigo é. Boa sorte a todos”.
PR-323
No âmbito da Lava Jato, a gestão de Richa é investigada por favorecer a Odebrecht para vencer a licitação para duplicação da PR-323, rodovia no Noroeste do estado, em troca de doações de campanha. Tony Garcia também estava envolvido com o caso, mas, de novo, garante que não teve nenhuma vantagem. Inicialmente, intermediou uma reunião feita a pedido do Grupo Bertin, que estava interessado em fazer negócios com a Copel. Depois, a holding, por meio da empreiteira Contern, se mostrou interessada em participar da licitação da PR-323. “Falaram que já tinham furado a Odebrecht no Rodoanel em São Paulo, e iam furar aqui também. E, em vez de uma tarifa de R$ 4,10, fariam por R$ 2,60. Veja o ganho que seria para o estado. Falei para o Beto, eles só pediam um tempo para juntar a papelada”, conta Tony.
Peguei uma cópia e mostrei para o Deonilson [Roldo]. Nunca vi um homem tão desesperado. Ele falou que eu poderia ter o que quisesse do governo. Depois ficaram falando de chantagem. Imagina, se eu fosse chantagista, o que teria conseguido.
Deonilson Roldo, porém, chamou Pedro Rache, diretor-executivo da Contern, para uma conversa, dizendo para eles desistirem do negócio da rodovia e, em troca, facilitar os negócios com a Copel. Rache gravou essa conversa, ocorrida em fevereiro de 2014, e mostrou para Tony Garcia. “Peguei uma cópia e mostrei para o Deonilson. Nunca vi um homem tão desesperado. Ele falou que eu poderia ter o que quisesse do governo. Depois ficaram falando de chantagem. Imagina, se eu fosse chantagista, o que teria conseguido. Eles me acusam, mas não têm o que mostrar”, diz.
A Odebrecht encabeçou o único consórcio que participou da licitação da PR-323. A obra não foi executada porque o governo estadual não conseguiu pagar a contrapartida para o projeto de parceria público-privada, desenhada para a duplicação. Quando foram obtidos os recursos, a empreiteira já estava envolvida com as investigações da Lava Jato e desistiu da obra.
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Consórcio Garibaldi
Na cobertura de um imponente prédio comercial do centro de Curitiba, Tony Garcia comanda uma holding empresarial e, apesar do trânsito constante com políticos e grandes empresários do país, diz que não tem o que esconder. “Sou muito amigo do Eduardo Cunha, do Collor, do Renan Calheiros. De toda essa gente que está aí empepinada. O Lúcio Funaro [considerado operador financeiro do MDB nacional] esteve aqui para tratar do assunto da Bertin. Coloquei o Beto para falar com o Geddel Vieira Lima. Não ganhei um tostão com nada disso. Não me meti em nada disso. A única preocupação que eu tinha era a Patrulha do Campo, da qual eu também não lucrei nada”, afirma.
A situação é a seguinte: um caminhão carregado com 50 toneladas de dinamite está descendo a ladeira sem freio. E, a partir de hoje, sem motorista. Se nenhum de vocês assumir a boleia, o desastre será iminente. Quem avisa amigo é. Boa sorte a todos
Tony diz que se salvou das “tentações” pela prisão sofrida em 2004, acusado de gestão fraudulenta do Consórcio Garibaldi, que causou prejuízo de R$ 40 milhões a consorciados e fechou as portas na década de 1990. Ele ficou quase três meses preso, mas se disse vítima de fraude e denúncias infundadas que o colocaram nessa. Em 2008, cumprindo uma decisão judicial, ele depositou R$ 10,8 milhões, referente ao que seria sua parte no negócio. Ele, porém, sempre negou ser sócio da empresa. Também foi sentenciado à prestação de serviços comunitários, a qual ele diz ter cumprido na já fechada Fazenda Solidariedade, em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba. “Era modelo para gente fora do país. Aprendi um monte. Toda essa experiência me humanizou um pouco. Você vê, quando a pessoa se relaciona só com políticos, nos palácios, isso te desumaniza, te descola da realidade”.
Também tirou como lição o cuidado e a precaução. “Aquilo lá foi o que me norteou para não cair em tentação. Meus amigos estavam todos no poder. Eu teria sucumbido a essa influência deles. Eu poderia ter feito um monte de coisas. O que teria sido a pior coisa da minha vida, foi a melhor coisa da minha vida”, destaca.
Outro lado
Em nota divulgada na quinta-feira (13), Beto Richa, ainda na prisão, afirmou que enfrenta com serenidade e segurança as acusações, mas que está sofrendo com o “julgamento antecipado”. Ele disse que está com a “consciência em paz” e que acredita que “a verdade vá se impor”. A Gazeta do Povo tentou contato com a defesa de Richa para comentar sobre a declaração de “balcão de negócios” feita por Tony Garcia, mas não houve retorno. Nos últimos dias, as empresas Cotrans, Ouro Verde e J.Malucelli negaram as irregularidades – esta última ressaltou que não firmou nenhum contrato no programa Patrulhas Rurais. A defesa dos demais não foi localizada, ou não respondeu ao pedido de entrevista; quem falou negou as acusações e ressaltou que a defesa será feita nos autos dos processos.
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