Após voltar de viagem à Itália, Joel Malucelli chega ao Instituto Médico Legal.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Suplente do senador Alvaro Dias (Podemos), o empresário Joel Malucelli já está no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, onde vai cumprir a prisão temporária autorizada pela Justiça no âmbito da operação Rádio Patrulha, do Grupo de Atenção Especial em Combate à Corrupção (Gaeco). Joel estava na Itália quando os mandados começaram a ser cumpridos, na última terça-feira (11), e, até então, era o único do grupo de 15 suspeitos que ainda não havia se apresentado ao Gaeco.

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Focada em apurar fraudes na licitação do programa estadual Patrulha no Campo, a Rádio Patrulha prendeu o ex-governador e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB), sua esposa, Fernanda Richa, e o irmão, Pepe Richa, além de outros nomes ligados à gestão de tucano. Entre o grupo de empresários, Joel Malucelli foi um dos alvos. A empresa da família, a J. Malucelli, da qual foi presidente até 2013, também já foi mirada pela Lava Jato.

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O empresário estava na Itália, em férias, e, de acordo com sua assessoria de imprensa, antecipou a viagem para prestar os esclarecimentos. A defesa ressaltou que, apesar de chegar ao Brasil somente agora, ele não era considerado foragido. Isso porque a Justiça teria estabelecido como prazo final para comparecimento as 14 horas desta sexta-feira.

Ao chegar em Curitiba, por volta das 8 horas, Malucelli seguiu diretamente para apresentação na sede do Gaeco. Lá, ele registrou Boletim de Ocorrência e, depois, foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde chegou por volta das 10h45. Às 11h15, o empresário deixou o prédio do instituto. No caminho até o carro da polícia, caminhou lentamente e ainda cumprimentou um grupo de três pessoas que estava por perto. O destino final foi o CMP. A defesa ainda não decidiu se entrará com pedido de habeas corpus.

No Gaeco: Beto permanece em silêncio em depoimento

De acordo com o advogado Alexandre Knopfholz, a data de depoimento de Joel Malucelli ainda não foi marcada, mas, ao que tudo indica, ficará para a próxima segunda-feira (17). Em relação aos indícios que ligam o nome do empresário ao esquema criminoso, a defesa contesta. “Ele jamais sagrou-se vencedor daquela licitação, não teve contrato com o poder público e ele vai demonstrar isso quando for ouvido”, afirmou o advogado.

Envolvimento

As investigações indicam que a empresa de Joel Malucelli, a J. Malucelli, foi uma das companhias beneficiadas com o direcionamento da licitação, que previa a execução de contratos na ordem de R$ 72,2 milhões em aluguel de maquinário para reparos e manutenção de estradas rurais do Paraná.

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De acordo com despacho do juiz Fernando Fischer , que autorizou as prisões, Joel participou de uma reunião no interior do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) junto com outros dois empresários, o colaborador Tony Garcia (que denunciou o suposto esquema) e um funcionário do órgão para deliberarem sobre os editais do programa. Pelo esquema, os contratos iriam ser superfaturados, e 8% do faturamento bruto voltaria a agentes públicos como contrapartida.

Ao deflagrar a operação, agentes do Gaeco cumpriram mandados em três endereços do empresário. O magistrado autorizou a apreensão de aparelhos de telefone celular, dispositivos eletrônicos e mídias que tivessem dados e informações armazenados (computadores, pen drives, HDs, CDs, Blue-Rays, etc.), documentos e objetos de valor que pudessem estar vinculados aos delitos de lavagem de dinheiro e corrupção.

Lava Jato

No início deste ano, uma das empresas sob o guarda-chuva de Joel Malucelli, a J.Malucelli Construtora de Obras, entrou na mira da Lava Jato. Ela foi enquadrada nas investigações da 49.ª fase da operação, que se voltou para levantar indícios de corrupção na licitação e construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Conforme mostraram as investigações, a J.Malucelli Construtora de Obras era uma das empresas que integravam o Consórcio Norte Energia, que em 2010 venceu um leilão para a construção de Belo Monte. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, havia evidências de que o governo federal atuou “de forma indevida” para garantir a vitória do consórcio, que teria se formado às pressas, com ajuda do economista Antônio Delfim Netto. Para o MPF, Delfim Netto teria ajudado em troca de propina, paga através do consórcio formado naquele ano.

Procurado pela Gazeta do Povo à época, o Grupo J.Malucelli declarou que “não ofereceu qualquer vantagem indevida e que pauta suas operações pela ética e responsabilidade”.

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