A recente demolição de um casarão antigo no Centro Histórico de Curitiba gerou a reação de moradores da região e chegou à Câmara. O imóvel – que estava localizado à Rua Paula Gomes – foi derrubado definitivamente na última semana, para dar lugar a uma escola profissionalizante do Sistema Fiep. O vereador Goura (PDT) questionou a destruição do prédio e formalizou um requerimento em que pede informações sobre os documentos que autorizaram a demolição.
Apesar de não constar da lista de Unidades de Interesse de Preservação (UIP), o casarão estava em um conjunto em que se encontram uma série de imóveis históricos. Além de buscar informações relacionadas à autorização para a demolição, Goura questiona porque sequer a fachada foi mantida.
Veja imagens do momento da destruição, captadas por um morador
Escola profissionalizante será construída no terreno
No terreno em que se encontrava o casarão, dezenas de operários trabalham para erguer o que será uma escola profissionalizante do Sistema Fiep – que será chamada Centro de Educação Profissional Dr. Celso Charuri.
O projeto prevê que o edifício tenha 6,5 mil metros quadrados, com dez salas de aula e 15 laboratórios, que, em conjunto, atenderão até 1,7 mil alunos por dia. A escola deve oferecer curtos voltados aos setores metalomecânico, audiovisual, têxtil, construção civil e tecnologia da informação. A previsão é de que a unidade seja inaugurada dentro de um ano.
“Independentemente de o casão ser tombado ou não, a gente tem na [Rua] Paula Gomes um valor histórico e arquitetônico. É uma pena ver a arquitetura história ser destruída, sem que se tivesse pensado em manter ao menos parte da estrutura”, disse o vereador.
A fachada – que continha ornamentos em torno das portas e janelas – foi posta abaixo na última semana, com a ajuda de uma retroescavadeira. Um morador que pediu para não ser identificado filmou a demolição e disse que se emocionou com a destruição do casarão. “Eu fiquei conversando com um dos operários e, mesmo ele, ficou sensibilizado por terem que destruir um imóvel tão bonito”, afirmou.
Dono do bar O Torto – que fica a meia quadra do casarão –, o empresário Arlindo Ventura, conhecido como Magrão, lamentou a demolição e sugeriu que a prefeitura reavalie outros imóveis da região que ainda não foram tombados. Ele disse que moradores e comerciantes estão se organizando para evitar novas demolições.
“A gente chega quase a chorar com uma coisa dessas: uma casa charmosíssima e histórica posta no chão. Se não era tombada, tinha que ter sido tombada, porque a história da nossa cidade está sendo jogada no lixo. A gente paga pra ver história na Europa, acha bonito aqueles casarões preservados e aqui, a gente não preserva a própria história”, disse. “Se tiver outra [demolição], nós vamos pra cima”, afirmou.
Outro lado
A prefeitura de Curitiba informou que o casarão não constava entre as Unidades de Interesse de Preservação. Por isso, o município expediu o alvará de demolição, após pedido do Sistema Fiep, que apresentou a documentação exigida para este fim.
O Sistema Fiep, por sua vez, ressaltou que todo o processo de elaboração do projeto foi feito “em total alinhamento com a prefeitura” e que, por se tratar de uma região histórica, consultou o município em todas as etapas do processo. Segundo a Fiep, o Instituto de Planejamento e Pesquisa de Curitiba (Ippuc) solicitou apenas que o novo prédio mantenha a “ambiência de rua”, ou seja, que esteja alinhado aos casarões que restam.
Veja imagens do momento da destruição, captadas por um morador
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