Agora acusado por crime de lavagem de dinheiro no bojo da Operação Integração, o estudante de arquitetura André Richa (28 anos), filho do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), já admitiu em depoimento no ano passado que o pai dele era quem falava com o contador Dirceu Pupo Ferreira sobre os negócios imobiliários da Ocaporã Administradora de Bens, empresa que formalmente está no nome de André Richa e da ex-primeira-dama Fernanda Richa. No mesmo depoimento, André Richa também explicava que a mãe, Fernanda Richa, não tinha qualquer papel na empresa.
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As declarações de André Richa (assista ao vídeo) foram prestadas em setembro de 2018, a investigadores da Operação Rádio Patrulha, abrigada na Justiça Estadual. Agora, o Ministério Público Federal (MPF), à frente da Operação Integração, se utiliza das declarações para reforçar duas denúncias oferecidas recentemente à Justiça Federal. O MPF tenta provar que Beto Richa tinha “poder de mando” na compra e venda de imóveis feitos pela Ocaporã e que tais negociações eram feitas para lavar dinheiro de propina paga por empresários do pedágio que atuavam no Anel de Integração.
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À imprensa, Fernanda e André Richa têm reforçado que Beto Richa não tem qualquer participação na empresa, nem formalmente, nem informalmente. “A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda. Este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos. Seu marido, Carlos Alberto Richa, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda”, escreveram eles, em nota distribuída nesta quarta-feira (30).
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No depoimento do ano passado, com duração total de quase 50 minutos, André reforça que a gestão era feita por Pupo e informa que a mãe não tem papel “nenhum” na empresa, ao ser questionado pelos investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado do Paraná. “Ela não atua nas empresas. Não faz nada”, disse ele sobre a ex-primeira-dama. Na sequência, o investigador do Gaeco pergunta sobre o papel de Beto Richa. “Ele seria a principal pessoa com quem Pupo conversa?”. “Acredito que sim”, respondeu o filho.
Pupo e Beto Richa foram presos na sexta-feira (25) pela Operação Integração. Na segunda-feira (28), Pupo, Beto Richa e outras 31 pessoas foram acusadas por crimes como corrupção e organização criminosa. No dia seguinte, terça-feira (29), Pupo, Beto Richa, e também André Richa, foram acusados por lavagem de dinheiro.
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Na última denúncia, o MPF mira a compra de um lote luxuoso em Curitiba, no Condomínio Paysage Beau Rivage. Os investigadores narram que, em 2012, Pupo pagou R$ 930 mil em espécie, “por fora”, na compra do lote. O dinheiro, aponta o MPF, seria fruto da propina paga por empresários do pedágio ao então governador do Paraná. Para o MPF, André Richa sabia do pagamento “por fora”. Fernanda Richa não foi denunciada.
Nesta quarta-feira (30), a defesa de Fernanda e André Richa disse que “todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas” e que “a empresa jamais realizou qualquer operação com o intuito de ocultar ou dissimular valores”.
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