Nelson Meurer, do PP, em foto de 2014| Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados/Arquivo

Em depoimento prestado na ação penal que corre contra o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR), no âmbito da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef confirmou que o paranaense fazia parte do grupo de parlamentares do PP que receberam dinheiro do “Petrolão” de forma periódica. Youssef relata que ele mesmo fez “várias entregas” de dinheiro a Meurer, em Brasília, e que as quantias aumentaram após a morte, em 2010, do ex-parlamentar do Paraná e uma das principais figuras nacionais do PP José Janene, o “seo José”, na fala de Youssef.

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Após sua morte, o PP passou a ser controlado, segundo Youssef, por um grupo de quatro parlamentares da sigla: além de Meurer, João Pizzolatti (SC), Pedro Corrêa (PE) e Mário Negromonte (BA), todos implicados na Lava Jato. Entre um período e outro, comparou Youssef, os repasses a Meurer praticamente duplicaram: se antes os valores mensais variavam entre “R$ 130 mil a R$ 150 mil”, depois passaram “a R$ 300 mil, R$ 400 mil”. Também seriam feitas contribuições “extraordinárias”, especialmente em época de campanha eleitoral. Em 2010, disse Youssef, Meurer recebeu “uns R$ 5 milhões” para a campanha de reeleição à Câmara dos Deputados.

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O depoimento de Youssef, colhido dia 20 de março último em São Paulo, foi prestado dentro da ação penal 996, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao foro privilegiado de Meurer. Praticamente todas as testemunhas arroladas pela acusação já foram ouvidas no processo. A próxima etapa da ação penal é a oitiva das testemunhas de defesa. Depois, o interrogatório do réu.

Morosidade e prescrição: por que os políticos preferem ser julgados pelo STF?

Meurer foi um dos primeiros políticos a se tornar réu pela Lava Jato no STF. Ele responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro desde junho do ano passado. O pepista nega todas as acusações. Questionado pela Gazeta do Povo sobre os depoimentos já colhidos, o advogado do parlamentar, Michel Saliba, disse à Gazeta do Povo que “prefiro não me manifestar em relação à estratégia processual e à impressão que tenho dos depoimentos”. “Vamos aguardar o desenlace do processo”, concluiu Saliba.