O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) queria terminar a nomeação de ministros para o seu governo ainda em novembro. Não conseguiu fechar todos os nomes, mas já anunciou a maior parte do time do primeiro escalão. E a Gazeta do Povo conversou, com exclusividade, com quatro desses futuros ministros para saber o que pensam e o que pretendem fazer à frente das pastas que vão comandar a partir de janeiro: Ricardo Vélez Rodrigues, da Educação; Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo; Osmar Terra, da Cidadania; e Onyx Lorenzoni, da Casa Civil. O blogueiro Lúcio Vaz também revelou um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que aposta que o futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recebeu vantagens indevidas quando era secretário municipal de saúde de Campo Grande. Mandetta conversou com o blog para explicar o que aconteceu neste caso. A Gazeta do Povo ainda publicou um artigo do futuro ministro das Relações Exteriores, o embaixador Ernesto Araújo, sobre os rumos do Itamaraty em sua gestão.
Confira o que tem a dizer os futuros ministros de Jair Bolsonaro
A principal missão do chanceler: “libertar o Itamaraty”
O embaixador e diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty, Ernesto Araújo, vai assumir o ministério das Relações Exteriores a partir de 1.º de janeiro. Em artigo publicado na Gazeta do Povo, o futuro chanceler afirmou que pretende acabar com a ideologia em política externa. “Essa é a principal missão que o presidente Bolsonaro me confiou: “libertar o Itamaraty”, como disse em seu pronunciamento na noite da vitória”, escreveu.
“Você é contra a ideologia? Então é preciso alguém que entenda de ideologia. Para curar uma doença, não basta dizer que a detestamos, é preciso conhecer suas causas e manifestações, suas estratégias e seus disfarces”, esclarece o futuro chanceler.
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Futuro ministro teria recebido vantagens indevidas: “A gente fica numa situação desconfortável”
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), obtido com exclusividade pelo blog de Lúcio Vaz, apontou prática de tráfico de influência e recebimento de vantagens indevidas pelo então secretário de saúde de Campo Grande, Luiz Henrique Mandetta -- ele foi escolhido para ser o titular do ministério da Saúde a partir de 2019. O médico responde a um inquérito criminal que apura as irregularidades citadas pela CGU. O alvo da investigação é uma viagem de Mandetta a Portugal em 2010. Ele visitou a sede de uma empresa que, meses mais tarde, acabou sendo subcontratada pela vencedora de uma licitação da prefeitura de Campo Grande. Para a CGU, houve tráfico de influência para essa subcontratação. O órgão também identificou que a prefeitura de Campo Grande efetuou pagamentos indevidos à empresa vencedora da licitação.
Mandetta conversou com Lúcio Vaz sobre as acusações. Ele relatou que mostrou a investigação contra si ao futuro presidente e o deixou à vontade para escolher outro nome, mas Bolsonaro preferiu bancar essa indicação. Sobre o inquérito, ele diz que há indícios de uma briga política e ressalta que não é réu nos processos. “Agora, temos que aguardar porque, infelizmente, a Justiça tem um tempo próprio. A gente fica numa situação desconfortável. Isso é muito ruim. Agora, vamos lutar”, comentou.
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“Temos humildade e tudo vai dar certo”, diz futuro ministro da Casa Civil
Todo mundo sabe que a Casa Civil é um dos ministérios mais importantes de qualquer governo pelo seu papel de articulação política. E um dos primeiros nomes divulgados por Bolsonaro para compor seu governo foi o do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para o gabinete de transição e para ocupar a pasta a partir do ano que vem. Nomeação feita, o papel da Casa Civil é que passou a ser muito debatido. Seria responsável pela articulação dos demais ministérios ou se preocuparia apenas com a relação com o Congresso? Dividiria as suas funções com a secretaria de Governo, comandara com o general Santos Cruz?
Em entrevista à Gazeta do Povo, Lorenzoni foi enfático: disse que tem uma relação maravilhosa com o general e que fará a ponta com os parlamentares. Para ele, as informações divergentes sobre a distribuição das tarefas dos futuros ministros foram espalhadas por quem perdeu as eleições e está inconformado. “É a turma do terceiro turno que não quer que a gente dê certo. Mas temos humildade e tudo vai dar certo”, disse Onyx.
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Pente-fino no Bolsa Família e 13.º salário para o programa: o que diz o ministro da Cidadania
Bolsonaro sempre falou em otimizar os ministérios e acabou criando uma nova pasta, que será comandada pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS): a Cidadania, que englobará as atuais pastas do Desenvolvimento Social, Esporte, Cultura e também a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Um dos grandes desafios da pasta é a gestão do Bolsa Família. Bolsonaro garantiu, ao longo da campanha, que não vai acabar com o programa e deve ampliá-lo, concedendo o pagamento de um 13.º salário aos beneficiários.
Terra disse que essa é “uma possibilidade real”. “Uma vez que a gente tem o controle do gasto, que não esteja sendo desviado para pessoas que não precisam, que haja um pente-fino bem feito e bem abrangente, certamente poderá ter recurso para pagar um 13º”, declarou em entrevista à Gazeta do Povo. Ele ainda falou sobre a Lei Rouanet, a política sobre drogas e a relação do futuro presidente com o Congresso.
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Com Bolsonaro, imagem do Brasil no exterior vai melhorar, diz novo ministro do Turismo
O futuro ministro do Turismo, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), admite que não tem muita experiência na área, mas confia no apoio de Bolsanaro e na formação de uma equipe técnica para impulsionar o setor no país. Para ele, a imagem do Brasil no exterior “tem que melhorar muito”.
“O turismo está ligado diretamente à segurança pública.Com Bolsonaro na presidência, a imagem do Brasil vai melhorar muito. A questão da segurança está no topo de suas prioridades. Um presidente honesto e patriota. Melhora a imagem do país. E com o ministro Sergio Moro será implementada a maior agenda anticorrupção da história do Brasil. Tem tudo para dar certo”, declarou em entrevista à Gazeta do Povo.
Leia a entrevista completa: “Tem que melhorar muito”, diz futuro ministro sobre imagem do Brasil no exterior
“Leiam o que escrevi”, diz futuro ministro da Educação
O filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodriguez vai comandar o ministério da Educação a partir de janeiro do ano que vem. Indicado a Bolsonaro pelo também filósofo Olavo de Carvalho, Rodriguez falou com a Gazeta do Povo em Londrina, mas não adiantou muita coisa sobre seus projetos. Disse que propostas detalhadas só serão apresentadas após tomar posse, mas deu uma dica para quem quiser se adiantar e saber mais sobre o que pretende fazer: “leiam o que escrevi”. Assuntos que devem estar na pauta do futuro ministério são Escola Sem Partido, o custo das universidades públicas, meritocracia no ensino público, ensino à distância para educação básica e aproximação do setor produtivo com instituições de ensino.
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