Divulgada neste domingo (30), a pesquisa Datafolha sobre a eleição presidencial de 2018 foi a primeira após as delações da Odebrecht que chacoalharam o Brasil nas últimas semanas. Os números, levantados pelo instituto entre os dias 26 e 27 de abril ao consultar 2781 entrevistados em 172 municípios, oferecem um panorama do impacto que as revelações podem ter no pleito do ano que vem.
Separamos cinco destaques da pesquisa que ajudam a entender como o cenário político se forma para as eleições de 2018.
1. Polarização Lula-Bolsonaro
Nos dois principais cenários pesquisados pelo Datafolha, Jair Bolsonaro subiu consideravelmente. No primeiro, que inclui o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, o polêmico deputado federal do PP aparece na vice-liderança, com 15% dos votos, atrás apenas de Lula (PT), que contabiliza 30%.
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Já no segundo cenário, onde o governador de São Paulo Geraldo Alckmin entra no lugar de Aécio como representante do PSDB, Bolsonaro aparece em terceiro lugar com 14% das intenções de voto, atrás de Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, e de Lula, que repete os 30% do cenário anterior.
De forma espontânea, ou seja, quando a pesquisa não tem nomes pré-definidos para serem escolhidos, Bolsonaro foi lembrado por 7% dos entrevistados. É menos que Lula (16%), mas está bastante acima dos demais, que patinam próximos de 1%.
Na pesquisa anterior do Datafolha, realizada em 16 e 17 de dezembro de 2015, Bolsonaro aparecia com 4% e 5% nos mesmos cenários. O ex-presidente Lula também cresceu no período. Na pesquisa anterior, ele tinha 20% e 22% das intenções de voto nos respectivos cenários; na nova, chegou a 30% nesses dois cenários.
2. Marina estável (e forte)
Primeiro lugar em dois dos seis cenários pesquisados e segundo em três deles, a ex-senadora Marina Silva perde apenas quando Lula está na disputa. Ela só aparece em terceiro lugar no primeiro cenário, com Lula e Aécio, superada em dois pontos percentuais por Bolsonaro (16% a 14%). No segundo turno, Marina é a única que supera Lula, com 41% das intenções de voto contra 38%.
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Os números de Marina apresentam uma leve queda em relação aos da pesquisa do final de 2015, o que indica que ela não capitalizou, mas saiu praticamente ilesa do período de turbulência por que passa a política nacional.
3. A ascensão de Doria
O prefeito de São Paulo João Doria Jr. (PSDB), em sua primeira aparição nas pesquisas do Datafolha para a Presidência em 2018, ocupou o vácuo deixado pelos nomes mais conhecidos do partido, todos acuados pelas as suspeitas de corrupção.
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Numa eventual disputa com Lula, Doria teria 9% das intenções de voto, o que o deixaria em quarto lugar. Sem o petista no páreo, a posição de Doria se manteria, mas mais gente votaria nele – 11% do eleitorado.
Outro fator vantajoso para Doria é sua baixa rejeição, de apenas 16%, o menor entre os possíveis candidatos do PSDB. Alckmin é rejeitado por 28% dos entrevistados e Aécio, por 44%.
4. O inferno de Aécio
Aécio foi o mais afetado pelas denúncias. Segundo lugar nas últimas eleições presidenciais, a sua rejeição hoje empata com a do ex-presidente Lula, em 44% – na pesquisa anterior, era de 30%.
As intenções de voto em Aécio, nos diversos cenários apresentados pelo Datafolha, oscilou entre 8 e 11%, bem longe dos 26% de que desfrutava no final de 2015.
5. Sem Lula, Ciro vai bem
Ciro Gomes, do PDT, tenta ser o nome da esquerda para o caso de Lula não sair candidato. A estratégia tem respaldo nos números: com o petista fora da disputa, as intenções de voto em Ciro dobram, de 5~6% para 11~12%. A melhor posição que ele alcança, porém, é apenas o terceiro lugar em dois cenários.
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