A passagem de Osmar Serraglio (PMDB-PR) pelo Ministério da Justiça durou pouco mais de três meses e, mesmo nesse período curto, foi marcada por casos polêmicos envolvendo a sua atuação na pasta e declarações de suspeitos da operação Carne Fraca.
Temer demite Osmar Serraglio do Ministério da Justiça
O descontentamento da bancada do PMDB e do próprio Planalto pegou carona nas polêmicas e, hoje (28), o presidente Michel Temer anunciou a demissão de Serraglio. Auxiliares da presidência e parlamentares já não escondiam o descontentamento com o agora ex-ministro. Listamos, a seguir, cinco polêmicas em que Osmar Serraglio se meteu enquanto ministro.
1. Interferências na Lava Jato
Ao assumir o cargo de ministro da justiça, Serraglio garantiu que não haveria a “mínima possibilidade” de interferência na Operação Lava Jato. Ele disse, ainda, que “a ordem do presidente Michel Temer é que não tenhamos interferência, até porque seria abuso de poder. Não temos a mínima possibilidade de interferência. O que nós podemos, é nos orgulhar da nossa Polícia Federal e ela, se precisar, que nós a fortalecemos”.
Na ocasião, Serraglio comparou a lista de Janot, o conjunto de solicitações de inquéritos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, à lista de Schindler, lista de mais de mil judeus abrigados pelo industrial Oskar Schindler em sua fábrica, durante a II Guerra Mundial, que evitou que eles fossem enviados aos campos de concentração nazistas.
Posteriormente, Serraglio tentou se explicar: “Na hora em que falaram: ‘e a lista do Janot?’. Falei: ‘Pô, antes eu quero ver a lista de Schindler’. Eu quero explicar porque eu falei a lista de Schindler. Porque a lista, ninguém conhecia quem estava na lista de Schindler. Ou seja, não sei quem está na lista de Janot. Então, de que adianta ficarem perguntando para mim o que você acha da lista de Janot? Não acho nada”.
2. “Grande chefe”
Na Operação Carne Fraca, quando Serraglio ainda era deputado federal, a Polícia Federal interceptou um diálogo entre ele e o ex-superintendente federal de Agricultura do Paraná, Daniel Gonçalves Filho, descrito pela PF como “líder da organização criminosa”. Na conversa, que tratava de fiscalização do frigorífico Larissa, em Iporã-PR, Serraglio chama Daniel de “grande chefe”.
Segundo a procuradoria-geral da República, Serraglio não é investigado no caso.
3. “Velhinho que está conosco”
Em outro grampo interceptado com autorização judicial pela PF, também na Operação Carne Fraca, a fiscal Maria Rocio Nascimento, presa preventivamente quando a operação foi deflagrada, conversa com Flavio Evers Cassou, funcionário da Seara, controlada pela JBS.
Ele reclama de uma alteração proposta no Congresso relacionada à fiscalização de cargas animais, dizendo que a proposta tinha um substitutivo do deputado federal Dilceu Sperafico (PP-PR). Maria pergunta “o Speraficos (sic) não é o velhinho que está conosco?” e, em seguida, se corrige, dizendo “não, esse é o Serraglio”. A conversa ocorreu no dia 1º de fevereiro de 2016.
4. “Supostos índios”
No início de maio, em nota divulgada a respeito de um ataque de fazendeiros sofrido por índios de uma aldeia gamela, no Maranhão, Serraglio se referiu a eles como “supostos índios”. O termo causou desconforto junto ao governo.
Serraglio também demitiu Antonio Fernandes Toninho da Costa do comando da Fundação Nacional do Índio (Funai). Costa disse que o então ministro “com certeza” contribuiu para sua saúda do cargo e não poupou críticas a ele: “O ministro Serraglio é um excelente deputado, mas ele não está sendo ministro da Justiça. Porque ele está sendo ministro de uma causa que ele defende no parlamento. E isso é muito ruim para as políticas brasileiras, principalmente para as minorias. Os povos indígenas precisam de um ministro que faça justiça, e não um ministro que venha pender para um lado. Isso não é papel de ministro”
5. Aécio reclamou de Serraglio
Em um dos diálogos apresentados na delação premiada de Joesley Batista, um dos donos da JBS, ele e Aécio Neves (PSDB-MG) citam Serraglio. Aécio está irritado e, entre vários palavrões, reclama da atuação do ministro da justiça. “Eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado”, disse em referência a Serraglio, a quem Aécio ainda chama de “um bosta” e diz que o presidente Temer “tem que tirar esse cara”.
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