Experiência de Nelson Jobim na vida pública e trânsito nos principais partidos do país estão entre as razões que o colocam como favorito na corrida ao Planalto.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Fora dos holofotes há alguns anos, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-deputado Nelson Jobim foi trazido de volta à cena política nacional após a delação dos donos da JBS abalar o presidente Michel Temer (PMDB). Nos bastidores, Jobim é apontado como favorito para ser escolhido presidente numa eleição indireta no Congresso, como prevê a Constituição. Sete razões explicam esse favoritismo.

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1. Tem proximidade com os três principais grupos políticos do país

Jobim mantém relações de proximidade com os três maiores partidos do país: PMDB, PT e PSDB. Tem (ou ao menos tinha) trânsito livre com Temer. E é um interlocutor frequente dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Também é próximo de outra importante liderança tucana: o senador José Serra. Nesse sentido, Jobim poderia ser um nome de consenso entre as principais correntes políticas do país.

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A trajetória política de Jobim explica como ele construiu pontes com os principais partidos brasileiros. Foi deputado pelo PMDB – sigla da qual foi um dos líderes durante e depois da Constituinte (1986-1988). Também ocupou o Ministério da Justiça no governo FHC, entre 1995 e 1997. Foi o ex-presidente tucano quem o indicou para o STF, onde ficou entre 1997 e 2006, quando se aposentou. Já fora do STF, foi ministro da Defesa nos governos de Lula e de Dilma Rousseff.

Nos últimos anos, continuou defendendo nos bastidores e em público posições políticas coincidentes com a dos antigos aliados. Durante o processo de impeachment de Dilma, teria sido um conselheiro de Lula para montar a estratégia de defesa da então presidente. Recentemente, saiu em defesa da tese dos advogados do atual presidente no processo de cassação da chapa Dilma-Temer. Em abril, disse ao jornal Valor Econômico que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria separar as responsabilidades de Dilma e Temer no julgamento.

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2. É um crítico da Operação Lava Jato

Com o Congresso acuado pela Lava Jato, um nome crítico à operação pode conquistar a simpatia de deputados e senadores sob suspeita. Jobim se encaixa nesse perfil.

Ele recentemente emitiu opinião contrária à forma como as delações premiadas vêm sendo vistas. E também criticou a cobertura da imprensa sobre o assunto. Em abril, por exemplo, assinou um artigo publicado no jornal Zero Hora condenando o fato de que, segundo ele, os corruptores passaram a ser vistos como “fonte da verdade absoluta” com suas delações. No mesmo texto, ele condena o que chama de “criminalização da política” e faz críticas ao modo como os jornais vêm abordando a Lava Jato.

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Além disso, segundo reportagem de novembro de 2015 do jornal O Estado de S.Paulo , Jobim também teve contato profissional com empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Ele foi contratado pela OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa, já com a Lava Jato em curso, para elaborar pareceres jurídicos – não necessariamente vinculados à operação.

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3. Circula com desenvoltura no STF e no Judiciário

Pelo fato de Jobim ter sido ministro e presidente do STF, ele tem as portas abertas nos principais tribunais do país. Num país em que cada vez mais a política é judicializada, isso tornaria mais fácil (ou menos difícil) um possível novo governo. As pontes de negociação entre Executivo e Judiciário estariam construídas desde antes da posse.

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4. Tem bom trânsito no mercado financeiro

Nelson Jobim também mantém boas relações com o mercado financeiro. Desde julho do ano passado, ele é sócio do banco BTG Pactual. A entrada de Jobim no banco ocorreu pouco depois de o BTG ser envolvido nas investigações da Lava Jato. No banco, Jobim é responsável pelas relações institucionais e políticas de compliance (termo em inglês para as normas internas criadas no intuito de evitar casos de corrupção e transgressão às leis pela instituição). Especula-se que Jobim ganha, com esse trabalho, R$ 1 milhão mensais, num contrato de 60 meses.

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5. Tem interlocutores nas Forças Armadas

Desde o fim da ditadura (1964-1985), as Forças Armadas vêm perdendo poder de influenciar nas decisões políticas do país. Mas nenhum presidente desde então deixou de manter boas relações com os quartéis. Nesse aspecto, Jobim larga na frente de outros possíveis candidatos a presidente numa eleição indireta, pois foi ministro da Defesa de Lula e Dilma.

6. Defende reformas constitucionais para “destravar” o país

Jobim possivelmente não se oporia às reformas trabalhista e da Previdência. Isso faria com que ele conquistasse o apoio de segmentos da sociedade que abandonaram Temer, mas que querem ver as reformas aprovadas.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada em setembro do ano passado, Jobim defendeu uma “lipoaspiração” na Constituição para destravar o país. Na entrevista, ele não fala especificamente sobre pontos das reformas propostas por Temer. Mas argumenta que a Constituição assegurou direitos que criaram custos que o país não suporta – e citou o caso da previdência dos servidores públicos. Outro ponto defendido por Jobim foi a desconstitucionalização do sistema tributário – o que permitiria que mudanças em impostos pudessem ser aprovadas mais facilmente, por meio de leis ordinárias.

7. Tem experiência nos três poderes

Jobim foi deputado, ministro de Estado e ministro do STF. Portanto, passou pelo Legislativo, Executivo e Judiciário. Essa experiência conta num momento em que cada poder tem um papel fundamental para o país superar a crise política.