Na ânsia de cortar gastos e ampliar as receitas, o governo federal lançou muitos “balões de ensaio” para testar a popularidade – e aceitação – de algumas ideias que podem reduzir os gastos públicos. Uma das mais polêmicas envolve o funcionalismo: além do corte em benefícios e penduricalhos, a equipe de Michel Temer acenou com a possibilidade de limitar o salário de ingresso dos servidores, com um teto de R$ 5 mil.
A missão é árdua: atualmente, 70% dos servidores federais têm salários superiores a R$ 5,5 mil e mais de metade das carreiras possuem os vencimentos iniciais maiores que os R$ 5 mil. Os dados são do Painel Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, e referentes a julho de 2017.
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De acordo com os dados do painel, a carreira pública no âmbito federal possui 1.805 planos de carreira e cargos listados, com média de salário inicial de R$ 6.087,88. Destes planos, 944 têm vencimentos superiores a R$ 5 mil – o que equivale a 52,3% do total – e um rendimento inicial médio de R$ 8.737,15.
O primeiro valor superior ao teto que o governo pretende aplicar é da carreira de seguridade social, para médico, com carga horária de 20 horas semanais. Para essas carreiras, o salário inicial é de R$ 5.001,65 e pode chegar até R$ 7.993,59.
A diferença entre o salário inicial mais baixo e o mais alto é de 16,3 vezes. A carreira que tem o menor rendimento no funcionalismo é de técnico-administrativa em educação. Esses servidores têm salário inicial de R$ 1.326,72 e o rendimento final pode alcançar R$ 2.355,12.
Já as carreiras com maiores salários iniciais são da Polícia Federal (delegado e perito criminal) e de quadros em extinção dos ex-territórios federais do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima (delegado de polícia civil, médico-legista civil, perito criminal civil, técnico em medicina legal civil e técnico em polícia criminal civil). Para esses servidores, o primeiro vencimento é de R$ 21.644,37 – e pode chegar até R$ 28.262,24.
Salários altos
Quem já ingressou no funcionalismo está acostumado a salários mais polpudos. De acordo com os dados do Painel Estatístico de Pessoal, apenas 2,4% dos servidores recebe salários de até R$ 2 mil. Outros 27,8% recebem pagamentos entre R$ 2 e R$ 5,5 mil. O restante - ou 69,8% - tem salários superiores a R$ 5 mil, sendo que 23% dos servidores recebe salários maiores que R$ 13 mil.
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