Lula e Fernando Haddad: ex-prefeito de São Paulo é um dos poucos nomes do PT que representa a renovação no partido.| Foto: Filipe Araúo

A candidatura de Lula à Presidência em 2018 é um blefe? A hipótese foi levantada em reportagem publicada nesta terça-feira (29) pela Folha de S.Paulo . Segundo fontes ligadas ao ex-presidente ouvidas pelo jornal, Lula acredita que será condenado em segunda instância, antes da campanha eleitoral do ano que vem, no processo do tríplex – o que o impediria de disputar o Planalto, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. E, ainda segundo a reportagem, nesse caso o candidato do PT seria Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

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Oficialmente, o partido afirma Lula é o candidato e ponto final. E ele vem agindo como se fosse candidato. O próprio Haddad vem rechaçando publicamente, em diversas ocasiões, a possibilidade de disputar a Presidência em 2018. Afirma que é preciso unir a esquerda em torno do ex-presidente para salvar as conquistas sociais que hoje, segundo ele, estão em risco. “O Lula é o plano A, B e C”, disse o ex-prefeito em entrevista publicada no último dia 26 pelo jornal português Diário de Notícias.

Pé na estrada

Apesar disso, Lula já admitiu que Haddad é um bom nome do PT para disputar a Presidência. Em 20 de julho, em entrevista a um grupo de jornalistas esportivos, o ex-presidente foi questionado se o partido não teria outras opções. E Lula citou o ex-prefeito: “O Haddad pode ser uma personalidade importante se ele se dispuser a percorrer o Brasil. Já falei para o Haddad: você tem que botar o pé na estrada, falar da educação, falar do que você fez na educação”.

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Haddad, por sinal, tem percorrido o país. Neste mês, esteve em Pernambuco e Santa Catarina. Vem participando ativamente de fóruns de discussões sobre o futuro do país. Dá entrevista para jornais nacionais e estrangeiros, rádios e emissoras de televisão. E divulga tudo em suas redes sociais – onde também critica a gestão de seu sucessor na prefeitura paulistana, João Doria (PSDB), outro pré-candidato à Presidência.

Na caravana de Lula pelo Nordeste, Haddad também tem sido um nome lembrado pelo ex-presidente com frequência. Um dos pontos que Lula mais tem destacado de sua gestão na Presidência é a democratização do acesso ao ensino superior, que permitiu que jovens pobres pudessem entrar mais facilmente na universidade. E o ex-presidente costuma atribuir a realização de programas como o ProUni, Reuni e Fies a Haddad, que foi ministro da Educação de Lula.

Projeto para 2022

A Folha de S.Paulo afirma que, para o PT, a candidatura de Haddad seria muito mais um projeto para a eleição de 2022 do que para a de 2018. O partido estaria avaliando que é preciso construir um nome já para que a sigla não desaparecesse no futuro. E o futuro não seria com Lula – embora a sigla não venha a admitir essa hipótese. Segundo a reportagem, o PT avalia que, embora Lula esteja com cerca de 30% das intenções de voto, isso seria o teto do ex-presidente mesmo que ele venha a ser candidato. Ou seja, não conseguiria crescer numa campanha eleitoral.

A Folha ainda afirma que haveria uma articulação em torno de Haddad para atrair a parte do PSB insatisfeita com os rumos da sigla, que ensaia uma fusão com o DEM – partido de direita.

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Prudência

O cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV, afirma que, se Lula puder concorrer em 2018, ele será candidato. Mas, segundo ele, o PT precisa ter uma alternativa. “É prudente que esteja preparado com outro nome.” E Haddad, por exclusão, é uma das poucas alternativas de renovação no partido. “O PT não tem outros nomes.”

Teixeira afirma que uma sigla como o PT, que elegeu o presidente da República em quatro eleições seguidas, não pode ficar sem lançar uma chapa completa. “Se não lançar, é um convite para virar um partido nanico ou desaparecer.” Além disso, os candidatos a presidente ajudam a eleger a bancada de deputados federais – o que é essencial para a sobrevivência de uma legenda.