Perto de chegar a um desfecho nos próximos meses, o caso do tríplex no Guarujá que o Ministério Público Federal (MPF) diz que pertence a Lula não é o único enrosco do ex-presidente com a Justiça. Em outra ação que também corre na Justiça Federal em Curitiba, sob os cuidados do juiz Sergio Moro, o MPF aponta irregularidades na compra de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e no aluguel de um imóvel em São Bernardo. Além disso, há um inquérito da Polícia Federal que investiga se o ex-presidente é o dono de um sítio em Atibaia, em São Paulo.
Veja quais são as dúvidas que pairam em cada caso em relação ao ex-presidente:
Tríplex no Guarujá
O processo mais adiantado na Lava Jato em Curitiba é o do tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula teria recebido “benesses” da empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários). O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira. Os procuradores da Lava Jato acusam na Justiça Lula de ser o verdadeiro dono do tríplex que estava em reforma.
Terreno para o Instituto Lula
Em um segundo processo na Justiça Federal em Curitiba, o MPF acusa Lula e outros réus de lavagem de dinheiro de propina por contratos da Odebrecht com a Petrobras através da compra de um terreno em São Paulo que seria usado para a construção de uma nova sede do Instituto Lula. O valor total de vantagens ilícitas usadas na compra e manutenção do terreno até 2012 chegou a R$ 12,4 milhões, segundo os procuradores. A construção, porém, nunca aconteceu.
O acerto para a compra do terreno, segundo o MPF, foi intermediado pelo então deputado federal Antonio Palocci, com o auxílio de seu assessor parlamentar Branislav Kontic, que mantinham contato direto com Marcelo Odebrecht, auxiliado por Paulo Melo, a respeito da instalação do espaço. A compra desse imóvel foi realizada em nome da DAG Construtora Ltda., mas com recursos comprovadamente originados da Odebrecht.
Aluguel em São Bernardo
O aluguel de um apartamento em São Bernardo também está na denúncia da compra do terreno para o Instituto Lula. Segundo o MPF, R$ 504 mil foram usados para comprar o apartamento vizinho à cobertura do ex-presidente. De acordo com a denúncia, a nova cobertura, que foi utilizada por Lula, foi adquirida no nome de Glaucos da Costamarques – parente do pecuarista e amigo pessoal do ex-presidente José Carlos Bumlai –, que atuou como testa de ferro de Lula.
“Na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia Lula da Silva chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques, datado de fevereiro de 2011, mas as investigações concluíram que nunca houve o pagamento do aluguel até pelo menos novembro de 2015”, afirmam os procuradores.
Sítio em Atibaia
Um inquérito da Polícia Federal também investiga se Lula é o real proprietário de um sítio em Atibaia, em São Paulo. Segundo as suspeitas, o imóvel teria sido reformado pela Odebrecht como forma de pagamento de propina a Lula. O sítio está oficialmente em nome de Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, mas uma perícia no local no ano passado revelou que só havia objetos pessoais de Lula e da ex-primeira dama Marisa Letícia no local.
Recentemente, ao menos cinco delatores da Odebrecht relataram à Procuradoria-Geral da República detalhes sobre a reforma feita no sítio. Entre eles, o patriarca da família, Emílio Odebrecht, disse ter informado Lula sobre o andamento da obra em reunião no Palácio do Planalto. Também delator, o engenheiro Emyr Diniz Costa Júnior afirmou ter comprado até um cofre para guardar o dinheiro usado para reformar o imóvel.
Oposição diminui ênfase no STF e retoma pautas usuais do Congresso
Pesquisa mostra consolidação da direita nos estados e indefinição no antagonismo a Lula em 2026
Reforma tributária: Relator corta desconto a saneamento e inclui refrigerantes no “imposto do pecado”
Vínculo empregatício com APPs deixaria 905 mil sem trabalho e tiraria R$ 33 bi do PIB, diz estudo