Em depoimento à Polícia Federal, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou nesta quarta (14) que seu silêncio “nunca esteve à venda”, e negou qualquer recebimento de propina para não fazer delação.
O nome de Cunha foi mencionado por delatores da JBS, que afirmaram, em conversa gravada com o presidente Michel Temer (PMDB), que ele recebeu dinheiro, já preso, para não delatar. O empresário Joesley Batista afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 5 milhões ao peemedebista.
“Ele refutou com veemência. O silêncio dele nunca esteve à venda”, afirmou o advogado Rodrigo Sánchez Rios, que defende Cunha.
Sanchez Rios afirmou que foram feitas 47 perguntas: cerca de metade sobre o suposto uso de dinheiro do FGTS no esquema de corrupção (questões que Cunha não respondeu) e as demais sobre a JBS (que foram respondidas).
O inquérito contra Temer foi aberto por ordem do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, depois da homologação do acordo de colaboração premiada dos executivos da JBS, em maio deste ano. Em uma gravação entregue pelo dono da empresa, Joesley Batista, à Procuradoria Geral da República (PGR), o presidente Michel Temer parece concordar com uma mesada pega pela JBS a Cunha para que ele permanecesse em silêncio e não firmasse acordo de colaboração premiada com a Justiça.
As perguntas para Cunha foram elaboradas pela Polícia Federal em Brasília, que conduz o inquérito, mas quem conduziu a oitiva em Curitiba foi o delegado da PF Maurício Moscardi Grillo. A íntegra do depoimento ainda não foi divulgada.
No depoimento, Cunha negou que tenha recebido propostas de Temer ou de seus emissários para comprar o seu silêncio. Disse também que não conhecia a irmã do operador Lúcio Funaro, Roberta Funaro, presa na Operação Patmos e acusada de ter recebido valores em nome do ex-deputado.
O depoimento durou cerca de uma hora e meia. A defesa tentou adiar a oitiva, argumentando que não teve acesso à íntegra do inquérito. Ainda assim, o ex-deputado resolveu fazer “uma declaração geral”, segundo Rios, a respeito das acusações.
O ex-deputado, investigado na Operação Lava Jato, permanece preso em Curitiba. A defesa de Cunha já pediu a anulação da delação da JBS ao STF (Supremo Tribunal Federal).