As distribuidoras de combustíveis dizem desconhecer base legal para o controle de preços nos postos e criticaram declarações sobre o uso de força policial para garantir que o repasse dos descontos prometido pelo governo chegue de forma integral às bombas. “A Venezuela começou assim”, disse Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que representa o setor de distribuição, em entrevista nesta terça-feira (5), criticando a ameaça de uso de força e o tabelamento de preços.
Gadotti disse que as distribuidoras já estão repassando os descontos recebidos, mas que a comunicação do governo “não é coerente” ao prometer o repasse de R$ 0,46 neste momento, já que a mistura vendida nos postos tem 10% de biodiesel, que não tem desconto.
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Assim, disse ele, o repasse dos descontos ao preço final chegaria, no máximo, a R$ 0,41. “Os 46 centavos que foram divulgados não chegam às bombas por si só”, disse o executivo. “Não é um discurso coerente e está colocando a população contra o negócio de distribuição de combustíveis”, completou.
Segundo Gadotti, para chegar ao valor prometido pelo governo, é preciso que os estados reduzam a incidência de ICMS, que é cobrado sobre um preço de referência calculado pelas secretarias de Fazenda a cada 15 dias.
Até o momento, apenas São Paulo e Espírito Santo reduziram o preço de referência. Assim, os consumidores paulistas já podem ter desconto de R$ 0,46. Os capixabas terão R$ 0,47, diz a Plural. No restante, o repasse fica, no máximo, em R$ 0,41 por litro.
As empresas do setor alertam ainda para risco de alta nos custa de distribuição, com o estabelecimento de uma tabela de fretes. O transporte é feito por transportadoras contratadas, que terão menor custo com diesel mas poderão cobrar o frete tabelado.
Gadotti defendeu a política de preços da Petrobras, alegando que manter os valores alinhados às cotações internacionais é essencial para atrair investimentos e garantir previsibilidade para os investidores.
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