Com o governo prestes a enviar a reforma da Previdência ao Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, usou esta semana para articular o apoio de todos os Três Poderes ao projeto.
O ministro se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente. Se encontrou, ainda, com governadores e conversou, inclusive, com membros do governo para alinhar a estratégia de comunicação.
A agenda de articulação política foi agitada neste início do mês. O primeiro encontro importante aconteceu em um jantar quase que secreto com Toffoli, segunda-feira (4) à noite. A reunião foi acrescentada na agenda oficial do ministro durante o dia, o que não é usual. Na agenda, havia somente o horário do jantar. Procurado por jornalistas, o ministério da Economia não divulgou o nome do restaurante, nem o assunto do encontro. Mas se sabe, extraoficialmente, que os ministros falaram sobre a reforma da Previdência.
Maia sai em defesa da reforma da Previdência
A reunião mais importante da semana, porém, aconteceu na terça-feira (5), quando o presidente da Câmara foi ao ministério da Economia. Com direito a abraços para foto, Maia saiu do encontro com um discurso alinhado ao do ministro, se colocando como um defensor da proposta e mostrando certo otimismo em relação ao tempo de tramitação e base para aprovar a proposta.
Segundo Maia, o governo tem condições de construir uma base de até 350 deputados, número mais do que suficiente para aprovar a reforma da Previdência, que, por se tratar de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), exige 308 votos favoráveis dentre os 513 deputados. Ele também disse que é possível levar o texto para votação em Plenário até maio, mesmo com a necessidade de a PEC passar antes, como manda o regimento interno, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e por uma comissão especial a ser criada para tratar do tema.
O governo quer aprovar a reforma da Previdência no Câmara e no Senado até julho para aproveitar o capital político do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o clima de renovação no Congresso.
Maia falou, ainda, que o grande desafio do governo será combater as inverdades que serão ditas sobre a reforma da Previdência:
“O grande desafio não é a proposta que vem do governo. Tenho certeza que tanto uma quanto a outra que virá depois vêm com uma boa estrutura. O nosso problema é enfrentar as falsas informações, porque aquele que está se aposentando mais cedo e com o maior salário não vai para a imprensa defender isso. Ele vai para a imprensa defender que o trabalhador que ganha um salário mínimo sai prejudicado. Esse é o desafio do governo.”
Novato, Alcolumbre também alinha discurso em prol da reforma
Na quinta-feira (7) à tarde, foi a vez de Guedes ir até a residência oficial do presidente do Senado, no Lago Sul, região nobre de Brasília, para se encontrar com Davi Alcolumbre.
Apesar de novato no cargo, o político do DEM também se mostrou favorável à reforma da Previdência e à celeridade do processo. Disse a jornalistas após o encontro que a reforma vai combater privilégios e garantir a aposentadoria das gerações futuras. Também defendeu que o Senado se antecipe para discutir a reforma enquanto ela já estiver tramitando na Câmara.
“O Senado vai ficar aqui como telespectador privilegiado, podendo discutir ao mesmo tempo em que o debate vai acontecer na Câmara. Precisamos aprovar pelo país”, afirmou Alcolumbre.
Governo também busca apoio de governadores
Além dos Três Poderes, o governo costura apoio dos governadores. O ministro Paulo Guedes e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, já se encontraram com vários deles ao longo de janeiro e neste início de fevereiro. Alguns encontros foram informais, outros constaram na agenda oficial.
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Nomes importantes como João Doria (PSDB-SP), governador de São Paulo, Eduardo Leite (PSDB-RS), governador do Rio Grande do Sul, e Paulo Câmara (PSB-PE), governador de Pernambuco, já manifestaram apoio ao projeto.
Reforma deve ser apresentada na terceira semana de fevereiro
Tanta articulação em torno do projeto se dá, além da própria necessidade de apoio para aprová-lo, ao fato de o texto estar quase pronto. Uma minuta chegou a ser vazada para imprensa, mas ainda não é a versão final. Essa versão será avaliada por Bolsonaro, que será quem dará a palavra final. Isso deve acontecer tão logo que o presidente se recupere da cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia.
A expectativa do Marinho é que o governo apresente a proposta final entre os dias 19 a 21 de fevereiro. A data só deve ser postergada caso Bolsonaro não se recupere até lá para dar a palavra final e assinar a PEC.
Enquanto isso, a equipe econômica também alinha a estratégia de comunicação. Neste mês, já aconteceram reuniões de Guedes e Marinho, com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, para tratar sobre como será divulgada a reforma da Previdência à sociedade e parlamentares.
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