A operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18) também tem como alvo João Baptista Lima Filho, coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo e amigo próximo do presidente Michel Temer (PMDB) desde os anos 80. Lima Filho é dono de 50% da construtora Argeplan, especializada em prestar serviços para o setor público, e está envolvido em pelo menos uma investigação derivada da Operação Lava Jato.
O coronel e a Argeplan são donos da fazenda Esmeralda, na região de Duartina, no interior de São Paulo, que seria usada por Temer como um “refúgio” para descanso. A propriedade foi invadida mais de uma vez pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a última em maio de 2016, sob o pretexto de que ela seria ligada ao então presidente interino.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo , o crescimento da Argeplan e do patrimônio de Lima Filho cincide com a ascensão de Temer no cenário político. Os primeiros negócios da empresa com governos teriam sido firmados em meados dos anos 80, quando Temer foi secretário da Segurança Pública em São Paulo e os primeiros contratos em nível federal firmados a partir de 2011, quando o peemedebista chegou à vice-presidência da República.
O ano de 2011 também marca a entrada de Lima Filho como sócio efetivo da Argeplan – anteriormente, ele era procurador legal e representante. Segundo documentos da Junta Comercial de São Paulo, a compra de metade da empresa saiu por R$ 250 mil – uma bagatela perto do valor de um dos contratos firmados pela construtora naquele ano: R$ 164 milhões, em consórcio com a Engevix, para prestar serviços à Eletronuclear.
De acordo com a revista Época , a parceria entre Temer e Lima Filho remonta a 1984. Então titular da secretaria da Segurança, o atual presidente despachou o coronel para lidar com uma crise no Rio, quando um acusado por tráfico de drogas envolveu a pasta comandada pelo peemedebista em suas denúncias. Candidato a deputado federal em 1994, Temer recebeu dinheiro – R$ 150 mil em valores da época – da Argeplan. Estas doações corresponderam a 40% do total arrecadado pela campanha do peemedebista naquele pleito. O PM reformado e o outro sócio da Argeplan também doaram três linhas telefônicas para a campanha. A partir de então, a construtora sumiu da lista de doadores de Temer.
Delação da Engevix cita o coronel
Lima Filho e sua construtora foram citados na delação do empreiteiro José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, apontados como intermediários na propina paga em um contrato firmado pelas duas empresas com a Eletronuclear.
Segundo reportagem da revista Época , o coronel foi apontado por Sobrinho como “pessoal de total confiança de Michel Temer”. O empreiteiro também apontou Lima Filho como quem intercedeu junto ao presidente pela manutenção do almirante Othon Pinheiro à frente da presidência da Eletronuclear. O militar acabou preso pela Lava Jato, suspeito de corrupção em contratos para a construção da usina nuclear de Angra 3.
Patrimônio espantoso para o valor da aposentadoria
Aposentado com vencimentos na casa dos R$ 20 mil por mês, João Baptista Lima Filho teria um patrimônio em imóveis estimado em R$ 15 milhões. Além da fazenda Esmeralda e a sociedade na Argeplan, ele é dono de dois imóveis avaliados em R$ 2 milhões: um apartamento no Morumbi e uma sala comercial na avenida Francisco Morato, ambos na zona sul da capital paulista.
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