A defesa da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a impugnação da ação na qual é acusada de ter recebido R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobras. Em suas alegações finais, ela também pede reparação por danos morais e apela para o depoimento do senador Roberto Requião (PMDB-PR) como indício de sua inocência.
Gleisi é ré juntamente com seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Eles são acusados dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. Segundo a acusação, R$ 1 milhão teriam sido desviados da estatal para bancar a campanha de Gleisi ao Senado em 2010.
Ao STF, o advogado Rodrigo Mudrovitsch argumentou que há falhas em delações que citam a senadora. Ele alega que, em 2010, Gleisi não ocupava nenhum cargo público e, por isso, não se justificaria o pagamento de propina - a acusação é de que a operação foi feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Na defesa, o advogado também reforça que as contas de campanha da senadora foram aprovadas por corte eleitoral.
Em um dos trechos, a defesa usa até depoimento do senador Roberto Requião (PMDB-PR). Em resposta a um juiz auxiliar que colheu depoimento de testemunhas, o senador disse: "Olha, pelo que eu conheço da Gleisi, apesar de ter sido minha adversária, ela tem um comportamento rigorosamente exemplar, desde o começo”.
Mudrovitsch pede a impugnação da ação, inclusive com reparação por danos morais. Ele argumenta que "tal imputação se baseia única e exclusivamente em depoimentos concedidos em delações premiadas e não possuem qualquer comprovação real. Aliás, nem poderiam, visto que a Requerida jamais participou de nenhum esquema de corrupção que venha ser apurado, nem sequer tinha conhecimento de sua existência”.
A ação contra a senadora deve ser julgada ainda no primeiro semestre de 2018. A expectativa é que seja um dos primeiros resultados da Lava Jato no Supremo. Para procuradores da equipe da titular do órgão, Raquel Dodge, a sistemática montada pelo trio prova a existência de crime, ainda mais considerando que foi usado método considerado “mais caro e arriscado que qualquer transferência bancária ou doação eleitoral lícita” para a movimentação do dinheiro.
Dodge defendeu que as penas para Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo sejam agravadas devido à longa experiência de ambos como políticos. “Mais que corrupção de um mero agente público, houve corrupção em série, de titulares de cargos dos mais relevantes da República, cuja responsabilidade faz agravar sua culpa na mesma proporção”. Segundo a PGR, os recursos foram liberados por Paulo Roberto Costa para obter apoio político de Gleisi e Paulo Bernardo.
O Ministério Público Federal pediu a condenação solidária dos réus ao pagamento de R$ 4 milhões como reparação aos danos materiais e morais causados pelos crimes praticados. Já a Petrobras pediu ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no STF, que determine que a presidente do PT e e os demais devolvam R$ 1 milhão à estatal.
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