Cerca de 170 mil carros em Curitiba estampam a frase “Lava Jato – Eu Apoio”. Os adesivos de apoio à operação e à Justiça Federal estão em 17% da frota da capital paranaense e funcionam como uma espécie de bandeira do exército de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e demais integrantes da força tarefa de combate à corrupção. Com o avanço das investigações, o grupo Laços de Apoio ao Brasil, responsável pela produção das peças, espera ver os adesivos circulando por todo o país.
A ideia de usar adesivos surgiu exatamente como uma forma de divulgação espontânea para o movimento, conta Emerson Granemann, um dos criadores do projeto. “Criamos o grupo no fim de 2014, logo após as eleições, quando a Lava Jato ainda não era tão conhecida. Queríamos algo que unisse os brasileiros, então pensamos em apoiar a Justiça Federal”, relembra o empresário. Segundo ele, a intenção nunca foi transformar a sua bandeira em símbolo da direita, mas de defender o combate à corrupção. “A gente projeta uma coisa e a população acaba levando para outro lado”.
Mesmo assim, os adesivos viraram um dos mais populares estandartes da oposição ao governo de Dilma Rousseff. Granemann se organizou com outros voluntários para distribuir gratuitamente os decalques em restaurantes, postos de gasolina e no meio das manifestações e essa superexposição fez com que o interesse das pessoas na causa aumentasse também em outros estados. “Os prédios da Justiça e da Polícia Federal viraram pontos turísticos em Curitiba e a gente distribuía em frente, então muitas pessoas nos pediam para levar para suas cidades”, conta. Segundo ele, o grupo recebeu fotos do adesivo circulando até mesmo em outros países, como Estados Unidos, Japão e Indonésia.
Sem fronteiras
Esse interesse nacional faz com que Granemann pense alto em relação às próximas viagens do símbolo de apoio à Lava Jato. “Queremos desenvolver um aplicativo que permita mapear a localização desses adesivos de maneira colaborativa. Assim, fica fácil para as pessoas verem o tamanho da causa”, revela. Porém, ao mesmo tempo em que diz que gostaria de ver a bandeira circulando pelo país, o empresário conta que não tem planos de vender ou distribuí-la Brasil afora. “Queremos que as pessoas se inspirem no que estamos fazendo aqui e repitam em suas cidades. Que se mobilizem”.
Tanto que quando moradores de outros estados pedem o adesivo pela internet, Granemann manda o arquivo digital para que o modelo possa ser reproduzido. “Apenas enviar o adesivo é muito passivo. Queremos que as pessoas sejam ativas e engajem os amigos a também apoiar a Lava Jato”. E ele não se importa em ver a logo do grupo removida ou substituída. “O importante é a mensagem”.
Atualmente, o Laços em Apoio ao Brasil conta com 30 voluntários que ajudam a produzir os adesivos. A confecção de cada peça custa cerca de R$ 0,30 e, para bancar os valores — que já ultrapassaram os R$ 51 mil —, o grupo depende de doações.
Reações
Granemann se diz desconfortável tanto com o fato de o adesivo ter virado uma bandeira da direita quanto pelo repúdio à esquerda. “A nossa ideia não é combater esse ou aquele partido, mas a corrupção. Fico um pouco chateado com o pessoal que não entende isso. Todo mundo devia apoiar”, desabafa. “A união é a essência do projeto. É uma visão utópica, mas é nossa intenção — e que a Lava Jato prenda quem tiver de ser preso”.
Ao mesmo tempo, a aproximação de grupos mais radicais também é um problema. Segundo o empresário, incomoda ver sua mensagem associada a discursos extremistas durante as manifestações, como de quem pede intervenção militar. “Mas não tem como controlar”.
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