Eliana Calmin: “Acho que [a Lava Jato] não vai chegar no Poder Judiciário. Eu já estive conversando com os integrantes da força-tarefa”.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

A ex-corregedora nacional de Justiça e ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon disse que a Operação Lava Jato não chegará ao Judiciário. E ela culpa os advogados. Segundo a ex-ministra, os defensores dos delatores impedem que eles denunciem juízes corruptos.

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Considerada dura contra os desvios de conduta dentro do Judiciário quando foi corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon havia dito em 2017 que acreditava que a Lava Jato, por uma questão estratégica, pegaria o Judiciário num segundo momento. Mas ela mudou de opinião.

“O juiz nunca mais perdoa. Existe o espírito de corpo”

“Acho que [a Lava Jato] não vai chegar no Poder Judiciário. Eu já estive conversando com os integrantes da força-tarefa. O que eles dizem é o seguinte: os próprios advogados dos colaboradores não querem que os seus clientes falem sobre os juízes”, disse a ex-ministra em entrevista à TV Migalhas, durante a 16ª Conferência da Advocacia Mineira, em Juiz de Fora (MG). “Porque (...) os juízes ficam e os advogados se inutilizam, porque o juiz nunca mais perdoa. Existe o espírito de corpo. O advogado não quer que haja denúncia. Sem a denúncia, fica muito difícil.”

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Em abril do ano passado, a ex-corregedora havia feito avaliação oposta. “No meu entendimento, a Lava Jato tomou uma posição política. É minha opinião pessoal. Ou seja, pegou o Executivo, o Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não enfraquecer esse Poder. Entendo que a Lava Jato pegará o Judiciário, mas só numa fase posterior, porque muita coisa virá à tona. Inclusive, essa falta tem levado a muita corrupção mesmo. Tem muita coisa no meio do caminho. Mas por uma questão estratégica, vão deixar para depois.”

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Eliana Calmon já havia dito que há “bandidos de toga” na Justiça

Eliana Calmon foi corregedora do CNJ entre 2010 e 2012. No cargo, ela era responsável por apurar suspeitas de irregularidades cometidas por juízes. Chegou a afirmar em 2011 que havia “bandidos de toga” no Judiciário. Ela afirmou na entrevista que é muito difícil punir juiz. “Eu era magistrada de carreira, era uma ministra, estava na corregedoria [do CNJ], eu sofri horrores. Para fazer uma investigação financeira de desembargador quase fui crucificada.”