Pressionado por ministros tucanos, o senador Aécio Neves (MG) destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB nesta quinta-feira (9). Depois de conversar com tucanos governistas, Aécio foi pessoalmente ao gabinete de Tasso comunicar sua decisão.
No lugar do senador cearense assume o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, por ser o vice-presidente mais velho do PSDB. Ele deve ocupar o posto até 9 de dezembro, quando está marcada a convenção nacional do partido. Pessoas próximas a Goldman, amigo do senador José Serra (SP), afirmam que ele pretende conduzir com imparcialidade a sucessão na sigla.
Aécio argumentou que queria “isonomia” na disputa pela presidência do PSDB. Tasso disputa o cargo com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Aécio inicialmente pediu que Tasso deixasse o comando do partido. Como resposta, ouviu que se ele quisesse mudança no cargo deveria decidir pela destituição de Tasso.
A conversa, na manhã desta quinta-feira (9), teve tom ríspido. A destituição gerou reação imediata de tucanos que apoiam Tasso, dizendo que mais uma vez Aécio decepciona o partido. Eles acusam ainda o governo de Michel Temer de interferir na convenção nacional do PSDB.
Tasso assumiu interinamente o comando do partido em maio, após Aécio se licenciar do cargo por ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista, da JBS.
A decisão de Aécio de destituir Tasso era esperada na cúpula do partido. Aliados do ex-governador Goldman disseram que o senador mineiro havia ameaçado tomar a iniciativa quatro vezes, mas recuava na última hora.
Disputa intensa de votos
Nas próximas quatro semanas, Tasso e Perillo vão disputar os votos dos 395 tucanos que compõem o colégio eleitoral do PSDB que vai definir no dia 9 de dezembro o nome do próximo presidente do partido. Os dois lados reconhecem que a contabilidade está acirrada, o que causa apreensão na cúpula tucana.
Segundo o estatuto da legenda, têm direito a voto todos os 160 membros do diretório nacional, 27 presidentes de diretórios estaduais, 58 parlamentares tucanos do Congresso e cerca de 150 delegados eleitos pela base nos congressos estaduais (cada estado elege 10% do número de diretórios organizados). Nesse cenário, as convenções regionais do PSDB do fim de semana serão decisivas.
A executiva nacional do PSDB está elaborando um mapa dos delegados nos estados que deve servir como referência sobre a força de cada postulante ao comando da legenda. A principal convenção será em São Paulo, no domingo. Com 537 diretórios efetivos e a maior bancada na Câmara, o estado vai levar mais de um terço dos delegados.
O deputado estadual Pedro Tobias, que deve ser reeleito presidente do PSDB paulista, declarou apoio a Tasso e avalia que o senador contará com a ampla maioria dos votos. O senador cearense tem como maior trunfo o apoio dos “cabeças pretas” – tucanos que defendem o desembarque do governo Temer – enquanto Perillo é o preferido de Aécio, dos quatro ministros do partido e dos governadores.
“O Marconi vai rodar o Brasil todo. Estou trabalhando com afinco em busca de cada um desses votos”, disse o deputado federal Giuseppe Vecci (GO), principal articulador do governador goiano na Câmara.
“Tasso tem mais força na bancada. Ele tem apoio de todos que votaram pela abertura do inquérito da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer no plenário e também está à frente nos diretórios estaduais”, rebateu o deputado Daniel Coelho (PE), principal líder dos “cabeças pretas”.
Em Pernambuco, porém, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que está alinhado com Perillo, foi eleito presidente do diretório estadual. Tanto aliados de Tasso quanto de Perillo rejeitam a hipótese de que eles abram mão da disputa para apoiar uma “terceira via” de consenso, mas essa possibilidade vem sendo defendida por cardeais da legenda.
Compliance
Na quarta-feira (8), Tasso lançou oficialmente a sua candidatura com a defesa de um código de ética “mais rigoroso” e de um novo estatuto que contemple a adoção do sistema de compliance (conjunto de boas práticas) para a fiscalização interna do partido e de seus integrantes.
Durante o evento, realizado na liderança da sigla no Senado, estavam presentes 14 deputados e seis senadores tucanos.
A plataforma de Tasso se baseia no discurso de que a legenda precisa se “reconectar com as ruas”. “Não estou colocando meu nome à disposição para rachar, e sim para unir, mas não adianta ficar unido aqui e distante do povo, temos que ficar conectados com a população, que é tudo o que um partido político precisa”, afirmou o tucano ao anunciar a candidatura.
Já Perillo anunciou seu nome para a disputa interna na semana passada, quando defendeu que o PSDB entregue no fim do ano os cargos que detém no governo federal. “Seria natural o desembarque no final do ano, com os ministros se desincompatibilizando para cuidar das candidaturas”, afirmou.
Assim como o “desembarque” do PSDB, o apoio à candidatura do governador Geraldo Alckmin para a Presidência da República em 2018 também é consenso entre Tasso e Perillo. O paulista é apontado também como potencial candidato da unidade à presidência tucana, o que lhe daria mobilidade para viajar o Brasil na pré-campanha. Em 2013, Aécio presidia o PSDB e disputou a eleição presidencial do ano seguinte.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares
Deixe sua opinião