A equipe econômica não afastou por completo a possibilidade de ter um novo contingenciamento do orçamento ou procurar outra fonte de receita para fechar as contas de 2018, disse nesta quinta-feira (21) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista na sede do partido ao qual é filiado, o PSD. Ele confirmou que tratou do tema na agenda que teve com agências de classificação de risco, que podem voltar a rebaixar a nota de crédito do Brasil diante das incertezas para as contas públicas em 2018.
A Fazenda terá de superar alguns obstáculos encontrados pelo governo neste fim de ano. Além de não conseguir aprovar a reforma da Previdência, que reduziria os gastos públicos já no próximo ano, o governo viu o ministro do STF Ricardo Lewandowski suspender por liminar a medida provisória que jogaria para 2019 o reajuste do funcionalismo e elevaria a contribuição previdenciária dos servidores.
LEIA TAMBÉM: Congresso não votou o imposto sobre grandes fortunas
Para completar, a União não poderá contar com a arrecadação de R$ 6 bilhões que viriam da tributação de fundos fechados, medida que ficou para ser votada no Congresso no ano que vem.
Segundo interlocutores da equipe economica, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s comunicou ao Ministério da Fazenda que deve anunciar sua decisão sobre o rating do Brasil na próxima semana. O risco de rebaixamento, no cenário atual, é elevado.
Meirelles não chegou a pontuar como será a reorganização das contas públicas caso o reajuste dos servidores seja concedido no próximo ano e se limitou a dizer que “a equipe econômica está avaliando possibilidades a respeito”. A Advocacia Geral da União estuda o melhor caminho para tentar fazer a MP voltar a valer.
“O que posso garantir e o que foi dito à agencia [Standard & Poor’s] é que a meta fiscal será cumprida”, destacou Meireles.
O ministro aproveitou a agenda no PSD para ressaltar a importância da reforma da Previdência. “Concluiu-se que o processo mais adequado era evoluir nesse trabalho com mais tempo em fevereiro, que é um ambiente ainda mais adequado para finalizar essa pauta da reforma da Previdência”, disse, ao esclarecer que o tema fez parte da agenda que teve com as agências de risco na manhã desta quinta.
“A encomia brasileira já entrou em onda de crescimento. Temos indicações de previsão de crescimento para o próximo ano por volta de 3%. E isso é um fator que a economia está bem e estará muito melhor no próximo ano. Criamos muito emprego e ainda vamos criar mais, mas isso demanda tempo”, resumiu Meireles ao falar da economia.
Afastando ainda qualquer anúncio como candidato, o ministro da Fazenda Henrique Meireles já fala como tal ao assumir o protagonismo do programa do Partido Social Democrático. O ministro disse que tomará a decisão final de março e início de abril. Afirmou estar somente concentrado no trabalho que exerce como ministro da Fazenda.
Deixe sua opinião