| Foto: Evandro Eboli/ Gazeta do Povo

Um grupo de cerca de 80 agentes penitenciários, de todo o país, invadiu a Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (3) em protesto contra a exclusão da categoria no texto da reforma da Previdência. Durante o dia, o relator Arthur Maia (PPS-BA) chegou a incluí-los no rol das aposentadorias especiais, mas depois retirou. À noite, já na votação dos destaques, e após a aprovação do texto base, os governistas se recusaram a apreciar a possibilidade dos agentes serem contemplados. A confusão começou a partir daí.

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Os agentes estavam do lado de fora da Câmara, num dos anexos de entrada do prédio, proibidos de entrar no prédio por uma grade na entrada. Quando foram informados por colegas o que ocorrera na comissão, derrubaram o portão e invadiram. A Gazeta do Povo acompanhou esse exato momento. Apenas dois policiais legislativos estavam, com capacetes, máscaras de gás e spray de pimenta tentaram conter o grupo, e não conseguiram. Eles lançaram gás nos manifestantes, que, enfurecidos, os atropelaram.

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A reportagem acompanhou todo o movimento dos manifestantes. Como desconheciam a Câmara, eles saíram correndo em direção ao plenário principal, mas logo foram informados que a comissão funcionava em outro local e se dirigiram para lá. O momento da chegada deles à comissão foi acompanhada com exclusividade pela Gazeta do Povo. Deputados, assessores e jornalistas que estavam no plenário foram surpreendidos. Eles gritavam palavras de ordem e discutiam com os parlamentares.

“Onde é a comissão?! Onde é a comissão” - perguntou um dos agentes.

“É aqui” - respondeu outro.

“Então é aqui que a gente vai ficar” - e entraram na sala surpreendendo os presentes.

“Vocês são bandidos” - gritou um dos mais revoltados e com dedo em riste para os parlamentares.

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“Vai parar o sistema” - gritavam também e chamavam os deputados de “covardes”.

Um dos manifestantes mais revoltosos deu uma depoimento á Gazeta do Povo no calor do protesto. Ele se chama Robério e é agente em Sergipe. E fez ameaças se não forem incluídos na aposentadoria especial.

“Se a penitenciária no Brasil parar, o que aconteceu no Maranhão e no Rio Grande do Norte (grandes motins de presidiários) vai ser fichinha. Na hora de segurar bandidos, nós temos valias, mas na hora de ter bônus, como a aposentadoria especial, tiram a gente do bolo” - disse Robério á reportagem.

No final, o grupo cantou o Hino Nacional e, depois da confusão, concordou em deixar o prédio. Os deputados, com o episódio, encerraram a sessão.

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