A recessão em que o Brasil mergulhou no segundo trimestre de 2014 terminou no Natal do ano passado e poderá ser a mais severa que o país viveu desde, pelo menos, o início dos anos 1980.
O Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), grupo formado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), se reuniu na manhã de sexta (27) e estabeleceu que a economia brasileira começou a sair do fundo do poço no último trimestre de 2016.
Com a decisão do colegiado – que determina o início e o fim de períodos de expansão e queda da atividade no Brasil – ficou estabelecido que a recessão durou 11 trimestres, levando o PIB (Produto Interno Bruto) a uma queda acumulada de 8,6%.
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A severidade de uma recessão é medida por dois critérios: sua duração em trimestres e o tamanho da queda acumulada da produção econômica.
Até então, o período recessivo mais longo havia sido o do governo Collor, entre 1989 e 1992, que se estendeu por 11 trimestres e levou a uma contração de 7,7% do PIB.
Já a recessão mais profunda foi registrada nos anos 1980 quando a economia caiu 8,5% por nove trimestres.
O ciclo mais recente empatou em duração e em magnitude com as duas piores recessões registradas nas últimas décadas. Considerando, portanto, a combinação dos dois critérios, ela poderá vir a ser considerada a mais severa da história recente.
Mas ainda é cedo para fazer esse diagnóstico porque os dados dos últimos dois anos ainda podem ser revisados pelo IBGE.
O comunicado assinado pelos sete economistas que compõem o Codace – Affonso Celso Pastore, Edmar Bacha, João Victor Issler, Marcelle Chauvet, Marco Bonomo, Paulo Picchetti e Regis Bonelli – deverá ser divulgado em breve.
Antes da decisão tomada na sexta, em entrevistas individuais dadas à reportagem há alguns meses, os economistas consideravam prematuro afirmar que a recessão havia atingido um desfecho.
Como o que se via nos indicadores à época não deixava claro o movimento, os especialistas afirmavam que a recessão poderia ter chegado ao fim no último trimestre de 2016, mas avaliavam que ainda não havia indicadores suficientes para concluir isso.
Embora seja um parâmetro importante, o PIB é só uma das variáveis. O objetivo do grupo, porém, não é fazer prognósticos, mas fixar com o máximo de precisão quando a economia atinge o que chamam de picos (o fim de uma expansão) e vales (o término de uma recessão).
O Codace foi criado 2004, mas os primeiros comunicados do grupo -que não tem ligação nem com o governo nem com empresas- foram divulgados apenas em 2009.
O grupo estabeleceu a cronologia dos ciclos econômicos desde o início da década de 1980. Estimativas indicam que a recessão mais profunda era republicana havia ocorrido entre 1930 e 1931, quando o PIB contraiu 5,3%.
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