Vários indicadores de atividade econômica estão melhorando “na margem”, ou seja, em relação ao mês imediatamente anterior. Esse desempenho – em parte influenciado por uma revisão metodológica do IBGE que inflou os números do comércio e dos serviços nos primeiros meses do ano – levou alguns bancos e consultorias a revisarem para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). Há quem se arrisque a cravar que a recessão acabou, como tem feito o governo.
Mas é preciso cuidado. Também houve uma impressão de melhora entre o segundo e o terceiro trimestres do ano passado, muito influenciada pelo avanço dos índices de confiança na economia, mas ela acabou se esfarelando em seguida.
A comparação com os números do começo do ano passado ainda é desfavorável na maioria dos casos. Além disso, o indicador mais relevante para a população – o emprego – continua piorando. O que, por si só, limita muito a velocidade de uma eventual recuperação. Com menos gente trabalhando, há menos renda para movimentar o comércio e os serviços.
Confira abaixo o desempenho de alguns dos indicadores:
Indústria
A produção oscilou 0,1% na passagem de janeiro para fevereiro, segundo o IBGE. Na comparação com o primeiro bimestre do ano passado, o avanço foi de 0,3%. O que números tão tímidos sugerem é que a coisa parou de piorar. Se persistirem por mais meses, talvez comece a se configurar uma lenta reação.
Produção de veículos
Os dados da produção de veículos estão entre os mais animadores. A quantidade de carros, caminhões e ônibus fabricados aumentou 14,7% em março, na comparação com fevereiro, segundo a Anfavea, que representa as montadoras. No acumulado do primeiro trimestre, o crescimento foi de 28,1% sobre igual período de 2016.
Essa recuperação – que, vale ressaltar, se dá sobre um cenário de terra devastada – é puxada basicamente pelas exportações, que bateram recorde histórico nos três primeiros meses do ano. O mercado interno ainda não parou de cair.
Papelão ondulado
As vendas de papelão ondulado, um termômetro das encomendas da indústria, saltaram 15,8% de fevereiro para março. E, no acumulado do primeiro trimestre de 2017, cresceram 5,2%.
Comércio
As vendas do comércio “ampliado” – medição do IBGE que inclui concessionárias de veículos e lojas de materiais de construção – subiram 1,4% em fevereiro, em relação a janeiro. Mas recuaram 2,1% no primeiro bimestre, sobre igual período de 2016.
Serviços
O setor de serviços cresceu 0,7% entre janeiro e fevereiro. Mas, na soma dos dois primeiros meses do ano, ficou 4,3% abaixo do patamar do começo de 2016. O pior desempenho neste ano é do transporte aéreo, que encolheu 17,3%.
Pedágio
O movimento nas rodovias pedagiadas, um dos dados observados por quem procura pistas sobre o aquecimento da economia, cresceu 1,7% em março, ante fevereiro. Ainda assim, o fluxo nos três primeiros meses de 2017 foi 1,3% menor que o do primeiro trimestre do ano passado.
Emprego
Segundo a Pnad, do IBGE, a quantidade de pessoas ocupadas no país – em empregos formais ou não – caiu 0,6% no “trimestre móvel” encerrado em fevereiro, na comparação com o período de três meses encerrado em janeiro. Isso significa que 508 mil pessoas perderam o trabalho. Em relação ao mesmo intervalo de 2016, a queda foi de 2%, o equivalente 1,8 milhão de ocupados a menos.
Atividade econômica
O IBC-BR, índice do Banco Central que busca refletir o comportamento da atividade econômica, avançou 1,31% entre janeiro e fevereiro. Mesmo assim, ficou 0,12% abaixo do nível observado um ano antes.
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