Com interesses bem menos convergentes do que um ano atrás, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito João Doria (PSDB) correm com articulações políticas paralelas naquilo que pode se transformar em uma demonstração de forças para 2018.
Como parte de uma agenda nacional em curso há meses, Alckmin esteve só nos últimos dias com o comando do PPS e do DEM e nesta quarta-feira (26) deverá jantar com a cúpula do PSB.
Fieis ao estilo do tucano, as conversas costumam ser mais genéricas do que pragmáticas, segundo interlocutores.
Doria, por sua vez, além de viagens para cidades como Rio e Brasília – e Campina Grande (PB), que deve visitar em breve –, aproximou-se de prefeitos paulistas, ocupando o lugar de Alckmin no Estado e ampliando sua projeção política para 2018.
Para o entorno tanto do prefeito quanto do governador, está praticamente certo que Doria quer ser candidato e que mira a Presidência.
Mas, se Alckmin superar denúncias na Lava Jato e se viabilizar, o prefeito terá se cacifado para disputar o governo paulista e ser um nome de consenso, capaz de desestimular candidaturas como as de Márcio França (PSB), vice-governador de SP, e Rodrigo Garcia (DEM), secretário estadual da Habitação.
Esse cenário interessa a Alckmin, que teria assim um bom palanque em São Paulo.
No entanto, os sinais de que Doria pensa mais em Brasília melindram aliados do governador, dentro e fora do PSDB, que veem a jogada solo pouco legitimada.
Alguns se alarmam com a hipótese de o prefeito vir a renunciar para disputar o governo estadual, mas acabar passando por cima de Alckmin e tentar a Presidência.
Do ponto de vista de auxiliares de Doria, as iniciativas não são de confrontação, mas dão vida própria ao político em primeiro mandato.
Doria vem expandindo sua atuação para fora da capital paulista. Fez ação conjunta com Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo do Campo, e repetirá a iniciativa com o prefeito de Guarulhos, Guti (PSB).
Entrou para o consórcio do ABC, que reúne prefeitos dos municípios no entorno da capital, e assumiu o conselho da região metropolitana.
Fora a agenda técnica, dedica-se a eventos sociais.
No último mês, esteve com Jonas Donizette (PSB), prefeito de Campinas (SP), e empresários na cidade vizinha à capital, em jantar oferecido por Juan Quirós, presidente da agência municipal SP Negócios. Também dividiu a mesa com executivos em Santo André, no ABC paulista, e foi recebido por Orlando Morando na companhia de outros prefeitos da região.
O PSB, importante partido da base de Alckmin, reflete esse momento de descolamento de interesses.
O vice-governador Márcio França, que deve assumir o mandato tampão se Alckmin renunciar no início de 2018, tem expectativa de disputar a sucessão. Ao mesmo tempo, Donizette quer se viabilizar como vice em eventual chapa de Doria para a disputa do governo de São Paulo.
Mesmo que cumpra a palavra, não enfrente Alckmin na corrida presidencial e resolva disputar o governo paulista, Doria ainda assim enfrentará obstáculos.
Dentro do PSDB, questiona-se sua habilidade de pacificar o partido, já que ele não se furta a propagar conflitos internos. Também pode haver disputa: o senador José Serra e José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, já demonstraram intenção em concorrer.
Depois, terá o desgaste da renúncia apenas um ano e pouco após a posse.
Assessores seus apostam, contudo, que o “clamor popular” compensaria restrições.
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