Ex-ator convencional e de filmes pornográficos, o deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) fez seus primeiros pronunciamentos na Câmara dos Deputados na terça-feira (5) já em clima de conflito: disse estar montando uma comitiva de parlamentares que irá à Curitiba para fiscalizar possíveis privilégios concedidos na prisão ao ex-presidente Lula e bateu boca com as colegas Érika Kokay (PT-DF) e Talíria Petrone (PSol-RJ), por alusões ao ex-deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) e a Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que teve movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão.
Os passos iniciais de Frota no Congresso indicam o perfil que sua atuação parlamentar deve ter nos próximos quatro anos. Ele é reconhecido, por aliados e adversários, como alguém que não foge de polêmicas e de brigas. Ao contrário, é dos que vai atrás de embates, o que o leva a ter uma pouco invejável coleção de processos a responder. Por outro lado, se posiciona como um autêntico líder e como alguém que é capaz também de influenciar em decisões de grande porte da República.
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O apoio do seu partido ao então candidato a presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), reeleito para o cargo na sexta-feira (1.º), é um desses exemplos. Após as eleições de outubro, o PSL, que havia formado a segunda maior bancada de deputados federais, falava em lançar um nome próprio para o posto e alguns de seus representantes, como Delegado Waldir (GO) e Eduardo Bolsonaro (SP) se apresentaram para a vaga. Além disso, Maia havia sido alvo de pesadas críticas de outro expoente do PSL, a deputada Joice Hasselmann (SP), que dissera considerá-lo “pior do que o PT”. Mas Frota entrou em cena e garantiu o PSL ao lado de Maia:
“O Alexandre Frota foi uma pessoa importante, porque veio aqui dizendo que tinha conversado com Paulo Guedes [ministro da Economia] e que era um caminho importante o apoio à minha candidatura”, disse o presidente da Câmara à imprensa no início do ano, quando o apoio foi sacramentado.
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“Se o Maia errar, vou pra cima”
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo na última sexta-feira (1.º), data da posse dos novos deputados federais e senadores, Frota disse que o apoio a Rodrigo Maia se justificava por uma convergência entre a agenda do presidente da Câmara e o governo Bolsonaro. Ao seu estilo, porém, o deputado ressaltou que a adesão do PSL a Maia não será incondicional. “Já avisei para ele que, se ele errar, vou xingar, vou para cima dele.”
Frota disse que espera ser um parlamentar marcado pela autenticidade. “Não vou ‘fazer joguinho’, porque não sou político disso. Vou trabalhar determinado a dar um pouco mais de conforto ao povo brasileiro. O povo quis fazer essa renovação, exigiu essa renovação. Então cabe à gente agora respeitar os votos que nós tivemos e trabalhar para que a gente possa ter um Brasil um pouco melhor do que a gente vem vendo nos últimos anos”, afirmou.
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O deputado disse que ainda não tem preferência para participar de alguma comissão específica da Câmara dos Deputados. “Eu fui eleito para ser deputado federal, então eu não espero nada de especial. As coisas vão acontecendo. Eu vejo muita gente procurando comissão, ministério, cargo. Já eu não fiz nada”, declarou.
No dia da posse dos novos integrantes do Congresso, Alexandre Frota foi um dos parlamentares mais celebrados pelos presentes na Câmara. Admiradores se revezavam para tirar fotos com o parlamentar. A eleição de 2018 foi a primeira da carreira de Frota – e ele somou 155.522 votos, sendo o 16.º mais votado de São Paulo.
Tapas e beijos: brigas com o MBL e seguidores de Olavo de Carvalho
Apesar de sua metralhadora estar principalmente voltada às lideranças de esquerda, Frota teve seu desentendimento mais recente com um grupo de direita – o Movimento Brasil Livre, do também deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Frota e alguns de seus parceiros conseguiram na Justiça o direito de usar o nome e a marca MBL, o que impede a utilização por parte do grupo liderado por Kataguiri e pelo vereador paulistano Fernando Holiday (DEM). Em nota, os membros do MBL chamaram o ato de Frota de “empreitada psicodélica” e afirmaram que vão recorrer da decisão. Não foi o primeiro entrevero entre os dois lados. Frota chamou, certa vez, o MBL de “movimento de bichinhas livres”.
Outro conflito entre Frota e políticos de seu campo ideológico se deu por conta da rumorosa viagem de parte da bancada do PSL à China. O deputado foi um dos organizadores do “tour” e só não integrou o grupo pelo fato de sua mulher estar no fim da gestação na data da viagem. Após o filósofo Olavo de Carvalho criticar a excursão, Frota protagonizou acaloradas discussões virtuais com os seguidores do e “guru” da nova direita brasileira.
Ele também bateu boca com membros do seu partido após “denunciar” a presença de Saulo Meira Serra na equipe de transição entre os governos Temer e Bolsonaro. Serra foi “acusado” de defender políticas de esquerda. Como ele é vinculado ao ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, que é deputado licenciado pelo PSL-MG, a crítica de Frota rendeu mais discussões internas na bancada.
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Guerra e paz entre Frota e o namorado de Fátima Bernardes
Já a linha morde e assopra do parlamentar se deu após mais um embate virtual, agora com um integrante da esquerda, o também deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) – que ficou nacionalmente conhecido como o “namorado da Fátima Bernardes”. O pedetista se indignou após Frota ironizar um comentário de um internauta “Só podeia ser de Pernambuco”. Gadelha, que é pernambucano, foi ao Judiciário, disse que processaria Frota e declarou que ele “não sabe se pronunciar como um deputado”.
Após a temperatura subir, a paz entre ambos foi selada com um café da manhã no dia 31 de janeiro, véspera da posse dos deputados. Gadelha e Frota se encontraram num hotel em Brasília e, segundo o pedetista, Frota apresentou um pedido de desculpas em relação ao comentário considerado xenofóbico.
Frota alega que o momento é de “pensar no país”. “Se a gente ficar só na guerra, no ego, aí a coisa não anda”, declarou.
Entre guerra e paz, o deputado do PSL será certamente uma das figuras mais comentadas da atual legislatura.
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