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A economia brasileira cresceu 0,4% no primeiro trimestre, em relação aos três meses anteriores, informou nesta quarta-feira (30) o IBGE.

Após a recessão em 2015 e 2016, o PIB cresceu 1% em 2017. Neste ano, as projeções de analistas do mercado financeiro apontavam para um crescimento de 2,4%, com um aquecimento progressivo ao longo de 2018.

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Mas as recentes turbulências provocadas pela alta do dólar e pela greve dos caminhoneiros adicionaram incertezas a estas previsões.

Um processo de revisão de baixa deverá ocorrer nos próximos dias, após a divulgação dos números oficiais pelo IBGE.

No primeiro trimestre, o PIB cresceu 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado dos últimos quatro trimestres, a expansão foi de 1,3%.

A projeção central dos analistas ouvidos pela agência Bloomberg para o resultado anunciado nesta quarta era de um crescimento de 0,3%, ante os três meses anteriores, e de 1,3% em relação ao primeiro trimestre de 2017.

Dessa forma, o número veio acima do que previam os economistas.

Carro-chefe do PIB, o consumo das famílias segue em letargia. Após um crescimento de 0,1% no quarto trimestre, subiu 0,5% nos primeiros três meses do ano.

A queda da taxa de juros para 6,5% ao ano trouxe condições mais positivas para a expansão do crédito. Mas a rigidez na redução dos spreads bancários fez com que a baixa não fosse totalmente repassada ao consumidor, o que ajuda a explicar a decepção com a reativação do consumo.

Em relação ao primeiro trimestre de 2017, o consumo cresceu 2,8%.

Este caldo de dificuldades para o consumidor, porém, pesou contra os serviços, que oscilaram 0,1% em relação ao quatro trimestre. Já ante o primeiro trimestre de 2017, os serviços oscilaram 1,5%.

​​O consumo do governo, limitado pela restrição dos gastos em meio ao ajuste fiscal, caiu 0,4% ante o quarto trimestre de 2017. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, caiu 0,8%.

O IBGE informou o setor agropecuário registrou, novamente, números positivos neste primeiro trimestre, e cresceu 1,4% ante os três meses anteriores.

Em comparação com o mesmo período de 2017, houve uma queda de 2,6%.

Os economistas já esperavam que a indústria pudesse cair neste início do ano. Após um ano de alta na produção industrial em 2017, o setor iniciou o ano estagnado.

No primeiro trimestre, o PIB da indústria oscilou 0,1% ante o último trimestre do ano passado, e teve alta de 1,6% em relação ao primeiro trimestre de 2017.

A construção civil, que é parte da indústria e também da conta de investimentos no PIB, cresceu em relação ao nível de atividade do fim do ano.

Os investimentos perderam fôlego, de uma alta de 2% no último trimestre do ano passado, eles registraram alta de 0,6% no primeiro trimestre (na comparação com os três meses anteriores). Em relação ao mesmo período do ano passado, os investimentos cresceram 3,5%.

O cenário não é de retorno à retração da atividade, avaliam economistas. Mas o ritmo da retomada desaponta. Incertezas no cenário externo, com a alta dos juros americanos, se somaram a turbulências no front doméstico, mais recentemente com a greve dos caminhoneiros e os seus efeitos políticos.

Isso afeta decisões de consumo e de investimento e torna mais débil o crescimento.

A taxa de investimento no primeiro trimestre marcou 16% do PIB, uma alta em relação ao primeiro trimestre de 2017, quando a taxa era de 15,5%. A taxa de poupança também subiu para 16,3%, contra uma taxa de 15,8% no primeiro trimestre de 2017.

O PIB do primeiro trimestre não piora, mas reforça a sensação de que a economia não está andando, na avaliação do economista Mauro Schneider, da MCM Consultores.

As reavaliações sobre o desempenho da economia pelos analistas, diz ele, deverão refletir não o número apresentado pelo IBGE, mas um cenário mais turvo no segundo trimestre e na segunda metade do ano.

“A greve [dos caminhoneiros] é a cereja do bolo, mas já estávamos vendo um ambiente menos favorável desde abril”, afirmou. “Obviamente, ainda não medimos os efeitos da greve, mas é um elemento a mais de perturbação, que traz incertezas sobre o que será da economia no resto do ano”.

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