O líder do partido do governo no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a renúncia do presidente Michel Temer durante a audiência pública que discute a reforma trabalhista. Ele ainda criticou a postura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de passar ao mercado o recado de que, mesmo sem Temer no poder, as reformas iriam avançar. Segundo Renan, ele teria demitido Meirelles por conta dessa atitude.
O senador defendeu que a reforma seja adiada para que as discussões sejam ampliadas. “Ele saiu do seu gabinete para dizer que, com Michel ou sem Michel, iria tocar essas reformas. Não comporta essa ingênua declaração, que é posta contra o interesse nacional. É muito importante que discutamos mais essa matéria. Ler essa matéria hoje colocando goela abaixo para que o Legislativo mostre que o Executivo não está paralisado, isso não pode acontecer.”
Renan disse ainda que é irresponsabilidade pedir o impeachment do presidente, porque isso geraria um desgaste muito grande ao país. Ele criticou o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao impeachment. “O impeachment da ex-presidente demorou quase dois anos. Digo isso com a experiência de quem esteve à frente da condução do processo. Defender impeachment nessa hora é dizer, em outras palavras, que não aprendeu nada com os últimos meses e anos no Brasil”, afirmou.
A OAB considera que as condutas do presidente Temer na conversa grava pelo empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, configuram crime de responsabilidade. A entidade deve protocolar o pedido de impeachment entre quarta (24) e quinta-feira (25).
Renan repetiu reiteradas vezes que o governo não tem clima político para votar a reforma rapidamente, como deseja. Para o senador, o texto é unilateral e atende apenas a empresários. Para ele, é necessário mexer na reforma e incluir, por exemplo, a taxação à transferência de dividendos. Ele afirmou que a reforma deve ser feita para a sociedade, e não “para Michel ou Meirelles”.
“O presidente Michel Temer precisa ter compreensão do momento histórico que estamos vivendo, mas é inadmissível que um governo com essa rejeição queira fazer uma reforma unilateral.”
Articulação em curso
Na segunda-feira (22), o líder do PMDB no Senado já havia postado uma mensagem nas redes sociais na qual defendeu a saída do presidente Michel Temer do cargo e a realização de eleições indiretas. Para Renan, Temer deveria facilitar a própria sucessão. “Temer deve facilitar a saída dele e compreender que já cumpriu seu papel. Impeachment, o Brasil não aguenta mais”, disse.
De forma reservada, o líder do PMDB já começou a pensar em nomes para substituir Temer. Segundo interlocutores de Renan, ele começará a se reunir informalmente com senadores para debater sobre possíveis candidatos para o cargo. A avaliação de Renan é que dificilmente o presidente irá conseguir se manter na cadeira até a próxima semana.
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