A profunda crise que atinge o PSDB – a maior de sua história – gera mais perguntas do que resposta. Além do imediatismo sobre se os ministros tucanos continuam ou não no impopular governo de Michel Temer, é o destino da legenda e o que esperar do eleitoral ano de 2018 que estão em jogo.
Que partido sairá da escolha do novo presidente tucano? Terá um lado vencedor e outro perdedor, além de muitas sequelas. Não veremos, a não ser por cinismo, a cena de ambos os lados dando às mãos com aquele nauseabundo discurso do "agora é hora da união".
O senador Aécio Neves (MG) esticou a corda ao máximo com a intervenção no comando interino da legenda. Peitou e atropelou não só Tasso Jereissati (CE), mas caciques como Fernando Henrique Cardoso. O mineiro parece ter apoio apenas de sua turma de Minas. Mas insiste, apesar de ter comprometido o partido com seu envolvimento na Lava Jato, com áudio e tudo.
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O que esperar da eleição de 2018 com o partido rachado? A bancada da Câmara dividida de forma igual, com 20 e poucos deputados para cada lado. Nem o PT, com as suas conhecidas desavenças internas, levou suas divergências para a rua de forma tão explícita.
Não parece haver solução para a crise. Tasso deixou o Congresso falando que "as diferenças são profundas" e cutucou: "inclusive de princípios". E respondeu ainda: "E se são profundas são de difíceis solução".
Roupa suja se lava em casa?
A legenda rachou de vez. O caldo entornou. E o PSDB desceu do muro para falar mal de si mesmo. No plenário da Câmara, deputados tucanos de lados distintos bateram boca nos microfones.
Um dos líderes do chamado grupo "cabeças pretas" do partido, Daniel Coelho (PSDB-PE), disse que Aécio passou dos limites ao destituir o senador Tasso Jereissati. "O que Aécio fez foi uma decepção. Acreditei em Aécio. Fiz campanha para ele em 2014. Fui às ruas. Vinculei minha imagem à dele. Mas essa intervenção que ele fez, além de ser imoral, é uma falta de dignidade", disse Coelho, que continuou no ataque.
"Ficamos sabendo pela imprensa do afastamento do senador Tasso. Passou-se de todos os limites. Aécio, ao lado de Temer e dos ministros do PSDB nesse governo jogaram no lixo a história do PSDB".
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Aliado de Aécio, Marcus Pestana (PSDB-MG) pediu a palavra a Coelho, que lhe cedeu três minutos, não sem antes dizer: "Mas esses três minutos não serão suficientes para explicar tamanha arbitrariedade".
Pestana, então, lamentou a discussão pública do tema e afirmou que aprendeu com sua mãe que "roupa suja se lava em casa". Ele defendeu Aécio.
"O senador Tasso foi indicado por Aécio, que se licenciou para se defender. E foi indicado por Aécio quando a reivindicação era que Carlos Sampaio (deputado federal) assumisse. Esperávamos que o senador Tasso fosse o presidente de todos nós, e não só de uma facção do partido. O senador Aécio avisou Tasso sim da decisão. Não é verdade que foi uma decisão unilateral. Foi uma decisão legítima", disse Pestana.
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