Uma falha no linhão de transmissão da concessionária Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), no Pará, provocou um apagão que deixou cerca de 70 milhões de pessoas sem luz nesta quarta-feira (21). A falta de energia teve início por volta de 15h40 e atingiu todos os estados do Nordeste, além de Amazonas, Pará, Tocantins e Amapá. No Sudeste e no Centro-Oeste, houve impactos isolados.
O motivo do blecaute está relacionado a uma falha técnica em um disjuntor de uma das estruturas de transmissão localizada na subestação Xingu, que recebe a energia da hidrelétrica de Belo Monte, para que esta seja transmitida para a região Sudeste do país.
A queda ocorreu por conta de erro na calibração do disjuntor, equipamento que faz o controle automático da energia que passa pela linha. O componente estava calibrado para receber até 3,7 mil megawatts (MW) de potência, em vez de mais de 4 mil MW, como deveria. Nesta quarta, quando a transmissão atingiu esse volume limite, o disjuntor simplesmente caiu, paralisando todo o resto da rede.
O efeito dominó na queda de energia ocorre porque a rede de Belo Monte está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o qual conecta todos os estados do país, com exceção de Roraima, o único que está fora dessa rede.
Improviso
A falha aconteceu justamente no projeto que a BMTE assumiu da espanhola Abengoa, que faliu e não executou nenhuma obra no local. Para evitar que Belo Monte atrasasse a entrega de sua energia, a concessionária BMTE foi chamada para assumir as obras que a Abengoa não fez, além de ter que acelerar seu calendário em dois meses antes do previsto. Por conta da situação, a BMTE fez ligações provisórias no “barramento” da linha de transmissão na subestação Xingu, dividindo sua conclusão em três etapas.
Por meio de nota, a empresa Norte Energia, dona da usina, informou que “o apagão que atinge as regiões Norte e Nordeste do país não foi originado pela Usina de Belo Monte” e que “a usina também foi afetada pela falha ocorrida”.
O linhão de 2,1 mil quilômetros entrou em atividade no dia 13 de dezembro do ano passado, antecipando seu cronograma original em dois meses. Nas últimas semanas, porém, a linha apresentou quedas e comprometeu o abastecimento de toda a hidrelétrica em construção no rio Xingu, no Pará.
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A linha de transmissão, que custou cerca de R$ 5 bilhões, tem início no município de Anapu, no Pará, a 17 quilômetros de distância da usina, e corta 65 municípios de quatro estados – Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais –, até chegar ao município de Estreito, na divisa de Minas Gerais e São Paulo.
Dimensão do apagão
No Maranhão, todas as 217 cidades do estado registraram o apagão a partir das 15h45, segundo a Companhia Energética do Maranhão (CEMAR). Em Manaus, no Amazonas, diversos bairros da cidade também registraram problemas. Na região metropolitana de Salvador, a situação causou problemas no trânsito, já que todos os semáforos da cidade apagaram e o metrô parou de funcionar.
Informações preliminares da distribuidora Cosern dão conta de que houve queda de energia em todos os municípios do Rio Grande do Norte. A concessionária informou que outros estados também registraram blecaute. No Rio de Janeiro, os usuários relataram falta de energia em suas redes sociais.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que algumas das linhas que sofreram pane e provocaram apagão em Estados do Norte e Nordeste mais cedo já começaram a ser restabelecidas. Em entrevista após se filiar ao MDB na sede nacional do partido, no prédio do Senado Federal, ele afirmou as linhas que sofreram problemas fazem parte do complexo de Belo Monte.
“Recebemos agora no começo da tarde comunicado do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) que caiu uma linha de Belo Monte e uma parte do Norte e do Nordeste ficou fora, mas a informação que tive chegando aqui ao Congresso foi de que já estavam começando a serem restabelecidas algumas áreas. Não tenho informação mais precisa, mas foi uma interrupção em uma das linhas de Belo Monte”, afirmou.