Senador Tasso Jereissati, presidente nacional interino do PSDB: veteranos tentam conter rebelião do partido na Câmara.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Principal ponto de apoio do presidente Michel Temer até o momento, o PSDB está dividido sobre seguir ou não com o governo. Entre os tucanos, a resistência maior vem da bancada na Câmara dos Deputados. As reuniões entre deputados têm sido calorosas. A ala mais jovem do partido quer distância do Palácio do Planalto, mas os veteranos do Senado, que detêm o controle da legenda, evitam a debandada. Pedem para que se aguarde o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcado para o dia 6 de junho.

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“Quando votamos o impeachment da presidente Dilma, estamos dizendo a mesma coisa para Michel Temer. O partido até deu um apoio institucional, mas não tem razão de continuar ao seu lado. O que valeu para Dilma tem que valer para Temer. A situação é similar. O volume de denúncias contra esse governo já passou de qualquer limite”, disse a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), que também é vice-presidente nacional da legenda.

A principal reação do PSDB e demonstração de insatisfação dos tucanos veio logo que estourou a delação da JBS. Sete deputados do partido assinaram o pedido de impeachment encabeçado pelo deputado João Gualberto (BA). “O partido não pode insistir com esse governo”, disse ele.

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A bancada jovem do PSDB argumenta que o desgaste do partido é proporcional ao tempo que permanece ao lado do governo. Antes mesmo das revelações feitas pelo empresário Joesley Batista, os novatos da legenda se mostravam incomodados com as reformas e ameaçavam votar contra.

O comando do partido chegou a substituir o deputado Eduardo Barbosa (MG), que era titular da reforma da Previdência e que votaria contrário ao texto do relator, pelo líder Ricardo Trípoli (SP) na comissão especial da Câmara. Barbosa minimizou à época e disse ter entendido a posição do PSDB, dado seu alinhamento com o governo Temer.

Poucos tucanos assumem publicamente a defesa do Planalto. Daniel Coelho (PSDB-PE), por exemplo, afirmou em discurso no plenário na terça-feira (30) que, primeiro, é preciso esperar a conclusão dos inquéritos. “É denúncia em cima de denúncia. É preciso esperar que se apure as primeiras ainda”, disse.

Quando assumiu a presidência interina do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) decidiu que o partido iria esperar o julgamento do TSE. Se houver pedido de vista, o processo vai atrasar ainda mais. “E isso só vai desgastar ainda mais o partido”, disse Gualberto.

Na segunda-feira (29), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se encontrou com Temer durante evento em um hotel de São Paulo. Na ocasião, teria deixado claro o desconforto do PSDB com a crise política e disse que os tucanos não poderão continuar na base aliada caso Temer recorra de uma eventual cassação no TSE. FHC estava acompanhado do presidente nacional interino do partido, o senador Tasso Jereissati, que é cotado para compor uma chapa como cabeça ou vice em uma eleição indireta no Congresso no caso de Temer deixar a Presidência.

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