| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O apoio dos moradores da cidade Rio de Janeiro à presença do Exército em operações nas ruas caiu nos últimos cinco meses, apesar de ainda ser majoritário. O índice dos que são a favor da convocação dos militares caiu de 76% para os atuais 66%, enquanto aqueles que são contrários passaram de 20%, em março, para 27%.

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Nesta quarta-feira (22) morreu mais um militar baleado durante uma operação das forças de segurança nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte da cidade. O soldado Marcus Vinicius Viana Ribeiro é o terceiro membro do Exército morto em confronto após o início da intervenção federal no estado, em fevereiro.

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Desde outubro, quando o Datafolha fez essa pergunta pela primeira vez, o apoio aos militares nas ruas da cidade já perdeu 17 pontos – há dez meses, eram 83% favoráveis à convocação das Forças Armadas para combater a violência no Rio. O Exército está nas ruas da cidade desde julho de 2017, quando o presidente Michel Temer (MDB), diante de uma grave crise financeira e de segurança pública, decretou a chamada operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). 

A medida dá poder de polícia às Forças Armadas no estado até o fim deste ano, mas pode ser renovada. A queda do apoio na pesquisa coincide com a intervenção federal, determinada por Temer de forma inédita na segurança pública no estado, e com a falta de informações sobre os assassinados da vereadora Marielle Franco, morta em março passado. 

A aprovação da convocação do Exército é menor entre as mulheres, os que têm de 16 a 24 anos de idade e os pretos. Também é mais reduzida entre aqueles mais escolarizados e com renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos.

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A pesquisa do Datafolha, numa parceria da Folha e da TV Globo, foi realizada nesta segunda (20) e terça-feira (21), com margem de erro de até quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. Foram entrevistados 542 moradores da cidade do Rio com 16 anos ou mais.

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A pesquisa também mostra que a maioria ainda acredita que a presença dos militares não fez diferença na violência da cidade (59%). Os que acham que a ação do Exército piorou a situação, porém, vêm crescendo: de 2% para 12% nos últimos dez meses. 

Baixas nas forças de segurança

Na segunda-feira, a cidade do Rio teve um dia sangrento, com confrontos, ônibus queimado e transporte paralisado por causa da violência. Só nesse dia foram 11 suspeitos mortos pela polícia, e dois militares do Exército também mortos em operação em favelas da zona norte. 

Esses foram os dois primeiros militares mortos em confronto com criminosos desde o início da intervenção, em fevereiro. Os dois eram jovens, pais e filhos. Tanto o cabo Fabiano de Oliveira Santos, 36 anos, como o soldado João Viktor da Silva, 21 anos, moravam em Japeri, cidade violenta na Baixada Fluminense, e deixaram herdeiros de dois anos de idade.

A intervenção federal na segurança do Rio completou seis meses na quinta-feira (16). A medida anunciada em fevereiro pelo presidente Michel Temer (MDB) ainda não conseguiu reduzir os homicídios, acumula o maior índice de mortes por policiais desde 2008 e tem retirado menos armas das ruas.

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Desde que chegaram ao Rio, os representantes do governo federal também intensificaram as operações em favelas, sem comprar ainda os materiais prometidos às polícias com o R$ 1,2 bilhão liberado pelo Palácio do Planalto. Por outro lado, conseguiram reduzir os roubos de carga e de rua e doar equipamentos emergenciais.

Com a intervenção, na prática, as polícias, os bombeiros e o sistema penitenciário estão sob o comando federal, que nomeou interventor o general Walter Souza Braga Netto, do Exército. A medida ocorre paralelamente à operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada por Temer em julho de 2017, que dá poder de polícia às Forças Armadas no estado também até o fim do ano.

A medida também foi decretada (às pressas e sem um plano pronto) logo depois do Carnaval, quando cenas de roubos em áreas nobres foram amplamente divulgadas pela imprensa e aumentaram a percepção de insegurança e vácuo no governo do estado.

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A intervenção vale até 31 de dezembro. Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada no sábado (18), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que a medida deve mesmo acabar no prazo inicialmente previsto, pois os responsáveis pela medida já demonstraram não querer a sua renovação.

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Em junho passado, Jungmann chegou a defender que a intervenção fosse renovada para, pelo menos, dezembro de 2019. Mas, vencido na discussão interna, o ministro optou pelo “meio-termo”, que seria a continuidade “da reestruturação das forças de segurança” no Rio e a manutenção da operação militar de GLO para 2019.

Desde o início da intervenção, foram mais de 300 operações das forças de segurança, com aumento de 60% dos disparos e tiroteios registrados pela plataforma colaborativa Fogo Cruzado. Há poucas trocas nos comandos dos batalhões mais violentos e um silêncio de porta-vozes sobre más condutas. Operações com suspeita de abuso policial, como no Salgueiro e no Alemão, seguem ainda sem explicações.

O interventor Braga Netto e o general nomeado para a pasta da Segurança Pública, Richard Nunes, também evitam a imprensa. À frente da Polícia Civil, eles não comentam crimes como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em março e até hoje não esclarecido.