O juiz federal Sergio Moro disse que não tem pretensão de usar o cargo de ministro da Justiça, que irá assumir daqui a dois meses, como trampolim para disputar um cargo eletivo. O magistrado rebateu críticas de que estaria abandonando a Lava Jato para entrar na política. “Eu me vejo ingressando em um cargo predominantemente técnico”, afirmou Moro, na noite desta segunda feira (5), durante palestra, em Curitiba.
Ele reforçou ainda o que disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em novembro de 2016, sobre não querer entrar para a política. “Não pretendo jamais disputar um cargo eletivo”, reiterou. “Meu objetivo não é me tornar propriamente um político, apenas realizar um trabalho técnico”, afirmou Moro. Ele foi aplaudido pela plateia da Conferência Smart Energy e GreenBuilding Brasil, evento realizado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
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Moro voltou a destacar o juiz italiano que enfrentou a máfia italiana , Giovani Falconi. O juiz da Lava Jato disse se inspirar no magistrado italiano, que deixou a magistratura para entrar para a política “sem um projeto de poder, mas com um projeto de fazer a coisa certa”.
Moro afirmou que aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL) para assumir o Ministério da Justiça porque achou que há uma série de receios infundados em relação ao governo dele. “Eu sou um homem da lei. Também achei que minha participação poderia contribuir para afastar esses receios infundados”, disse. Moro garantiu não acreditar em um governo autoritário por parte do presidente eleito.
O juiz ressaltou que a corrupção sistêmica revelada pelas investigações explica a falta de confiança do brasileiro na democracia. Ele ressaltou, porém, a importância da democracia. “Somente em um ambiente livre e democrático é que esses escândalos vêm à tona”, disse.
Sobre sua gestão no ministério da Justiça, Moro disse que duas pautas são fundamentais: o enfrentamento à corrupção e ao crime organizado. Moro afirmou que um pacote legislativo será encaminhado ao Congresso já no início da próxima legislatura, com medidas de combate a corrupção e ao crime organizado.
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Ao fazer um histórico da Lava Jato, o juiz destacou momentos que considerou “de tensão”. “Houve momentos em que muitas vezes se tinha a percepção de que o trabalho seria perdido”, disse, citando a concessão de habeas corpus a investigados, vazamento de delações premiadas nas eleições de 2014 e a tentativa de votação no Congresso da Lei de Abuso de Autoridade. “Todos esses momentos de dificuldade me levaram a tomar a recente posição”, disse.
O agora ex-juiz da Lava Jato falou na abertura do evento. O tema era “conduta pessoal e de que maneira as posturas adotadas pelos indivíduos podem transformar o meio em que vivem”.
Essa foi a primeira palestra de Moro desde que ele aceitou o convite de Bolsonaro. Nesta segunda-feira, Moro pediu férias para trabalhar na transição para o cargo. Em janeiro, ele terá que pedir exoneração da carreira de juiz. O magistrado não falou com a imprensa no evento.
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