Depois de uma troca de comentários pouco diplomáticos por parte do presidente francês, Emmanuel Macron, foi a vez agora de um embaixador da França ironizar o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
No início da semana, o futuro presidente brasileiro havia descrito a situação na França como “insuportável” diante da presença de imigrantes. Nas redes sociais, foi o embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud, quem respondeu a Bolsonaro, citando os índices de violência nos dois países.
LEIA MAIS: Em ‘live’, Bolsonaro diz que França ‘está insuportável’ por causa de imigrantes
“63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários”, escreveu o embaixador nas redes sociais, difundindo uma matéria descrevendo as declarações de Bolsonaro. O diplomata ocupa um dos cargos mais importantes da chancelaria francesa desde 2014. Antes, havia sido o embaixador da França na ONU - outro cargo de prestígio na carreira.
63.880 homicides au Brésil en 2017, 825 en France. Sans commentaires. https://t.co/C50HfPi8qB
— Gérard Araud (@GerardAraud) 19 de dezembro de 2018
O caso foi mais um episódio de uma relação cada vez mais azeda entre o novo governo brasileiro e Paris. Ao explicar o motivo pelo qual ele não iria aderir ao Pacto da ONU para a Migração, o presidente eleito usou o exemplo do país europeu para explicar o impacto da entrada de estrangeiros.
“Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. Está simplesmente insuportável viver em alguns locais da França. E a tendência é aumentar a intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível. Mas vocês sabem da história dessa gente, né?”, disse o presidente eleito.
LEIA MAIS: Macron vê Bolsonaro como obstáculo a acordo entre União Europeia e Mercosul
“Querem fazer valer sua cultura, os seus direitos e os seus privilégios e a França está sofrendo com isso e parte da população, parte das Forças Armadas, parte das instituições começam a reclamar no tocante a isso. Então não queremos sofrer com isso aqui no Brasil”, disse Bolsonaro.
Há poucas semanas, em Buenos Aires, Macron criticou abertamente Bolsonaro por conta de suas posições sobre mudanças climáticas. O francês ainda deixou claro que, se houver uma retirada do Brasil do Acordo de Paris, não haverá um entendimento entre a UE e o Mercosul no comércio.
Até mesmo a líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, já havia afirmado que Bolsonaro diz “coisas desagradáveis que são intransponíveis na França”.
Outro francês, o chefe da pasta de economia da União Europeia (UE), Pierre Moscovici, também lançou críticas contra o brasileiro. “Bolsonaro é evidentemente um populista de extrema direita”, disse o ex-ministro francês em diferentes governos socialistas em declarações à TV do senado francês. “Atrás dele, vemos a sombra dos militares que estiveram por um longo tempo no poder no Brasil, constituindo uma ditadura terrível”, declarou.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião