Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato repercutiram nas redes sociais na noite desta quarta-feira (17) a divulgação da ação controlada realizada pela Polícia Federal (PF) que mostrou o presidente Michel Temer (PMDB) concordando com o pagamento de uma mesada ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) para que ele não firmasse acordo de colaboração premiada. O procurador Carlos Lima afirmou que a Lava Jato não busca prejudicar nenhum partido específico e rebateu críticas de parcialidade, além de defender a continuação das investigações.
“É preciso acreditar em um trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014. Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios”, disse Lima no Facebook. “Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica”, completou.
Lima também cobrou mudanças legislativas referentes ao combate à corrupção e alterações em fases processuais. “Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar.”
Coordenador da força tarefa, o procurador Deltan Dallagnol seguiu na mesma linha do colega. “Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão. Se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem - com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças”, afirmou Deltan, também em texto no Facebook.
Deltan também convocou a sociedade para sair às ruas e defender a operação. “A melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim.”
Os procuradores foram às redes sociais depois que uma reportagem do jornal O Globo mostrou que Michel Temer concordou com o pagamento de propina para manter Cunha em silêncio. O ex-deputado foi preso em outubro do ano passado na Lava Jato e está preso no Complexo Médico Penal (CMP), na Região Metropolitana de Curitiba.
Desde sua prisão, Cunha tem “mandado recados” ao Planalto. Ao convocar Temer para ser sua testemunha de defesa no processo em Curitiba, Cunha inseriu uma série de perguntas sobre o envolvimento do presidente no esquema, que foram censuradas pelo juiz federal Sergio Moro. Na sentença de condenação a Cunha, Moro ressaltou a tentativa do ex-deputado de intimidar o presidente da República.
A defesa do ex-deputado disse que não vai se manifestar sobre as denúncias contra Cunha feitas pelo jornal O Globo.
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