As 30 cidades que mais dependem do Bolsa Família no Brasil estão concentradas em oito estados, sobretudo da região Norte do país. São 95,3 mil famílias que precisam de um complemento de renda médio de R$ 337 por mês. Apesar do valor de benefício ser 1,8 vez maior que a média nacional, de R$ 186,78, o que é desembolsado para ajudar as famílias paupérrimas é pouco, na comparação com o montante total investido pelo governo federal no programa – representa 1,22% da verba. É o que mostram dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), referentes ao mês de dezembro.
O estado com mais cidades nessa lista é o Amazonas, com 11. É seguido por Acre (5), Amapá (3), Maranhão (3), Pará (3), Mato Grosso (2), Roraima (2), e Paraíba (1). Para complementar a renda dessas 95,3 mil famílias em dezembro, o governo gastou R$ 32,1 milhões, pagando benefícios médios que variavam entre os R$ 317,23 para as famílias de São Benedito do Rio Preto, no Maranhão, e os R$ 442,42 para as famílias de Uiramutã, em Roraima. Em todo o país, há 56 municípios em que a média dos benefícios pagos a famílias ultrapassa os R$ 300.
SAIBA MAIS: Veja a lista das 30 cidades que mais dependem do Bolsa Família no Brasil
Para elaborar essa lista, foi levado em consideração o valor médio dos benefícios pagos para as famílias de cada cidade. Geralmente, municípios maiores possuem mais beneficiários e representam um gasto total mais elevado, mas o valor do auxílio pago a cada família é menor, na média.
Em dezembro, 14,1 milhões de famílias receberam o Bolsa Família no Brasil, de acordo com o MDS. Foram desembolsados R$ 2,6 bilhões para efetuar os pagamentos. Desde agosto de 2017, não há famílias na lista de espera para receber o auxílio. Em dezembro, 574 mil novas famílias passaram a receber a bolsa.
Para receber o benefício do Bolsa Família, a renda familiar deve ser inferior a R$ 89 por pessoa. O benefício básico é de R$ 89 por família e há adicionais para filhos que frequentam escolas e estão em dia com questões de saúde, para gestantes e um valor calculado individualmente para famílias em situação de extrema pobreza.
LEIA TAMBÉM: A ‘facada’ de Paulo Guedes no Sistema S pode criar empregos?
O Brasil não adotou uma linha oficial para medir a pobreza. Além do parâmetro da renda exigida para receber o Bolsa Família, há a linha de pobreza usada pelo Bando Mundial, que embasa estudos do IBGE. Nesse caso, são pobres os que possuem renda mensal inferior a R$ 406 e extremamente pobres aqueles que recebem menos de R$ 140 por mês.
A cidade mais dependente do Bolsa Família no Brasil
Uiramutã, cidade de população estimada em 10,3 mil pessoas pelo IBGE, possui 1.397 famílias cadastradas no programa de transferência de renda. O município mais setentrional do Brasil faz fronteira com a Guiana e a Venezuela, e em seu território abriga um parque nacional, os montes Roraima e Caburaí, além de parte da área da reserva Raposa Serra do Sol, área demarcada para os indígenas, que ocupa território de outras duas cidades do estado.
Lá, o valor médio de Bolsa Família pago em dezembro foi de R$ 442,42 – é a única cidade brasileira que ultrapassou o patamar de R$ 400. Uiramutã tem um dos menores indicadores de desenvolvimento humano do país. Dados do Atlas do Desenvolvimento Humano, para 2010 (os mais recentes quando se trata de municípios), mostram que o IDHM lá é de 0,453, o que a coloca na faixa de desenvolvimento muito baixa. A cidade fica na 5560ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros avaliados na ocasião. O que mais contribuiu para esse desempenho foi a Longevidade – a expectativa de vida era de 70,95 anos.
LEIA TAMBÉM: Leilão de Congonhas e Santos Dumont será último suspiro da Infraero
Já no que diz respeito à renda e educação, a situação é mais grave. Dados mais atualizados, do IBGE, mostram que na cidade em 2016, 52,4% da população vivia com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa – o salário mensal médio era de 1,6 salários mínimos da época. A taxa de escolarização para crianças de 6 a 14 anos era de 60,2% -- esse resultado deixa Uiramutã na 5.563ª posição, entre 5.570 municípios brasileiros.
Ainda segundo o IBGE, só 4,6% dos domicílios da cidade possuem esgotamento sanitário adequado e nenhum dos domicílios urbanos está em vias públicas com urbanização adequada – ou seja: não há bueiros, calçadas, pavimentação e meio-fio.
Capitais são as cidades com mais famílias no programa
As cinco cidades brasileiras com mais famílias beneficiárias do Bolsa Família, e por consequência com maiores investimentos totais, são capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Manaus. Juntas, as cidades possuem 1,2 milhão de famílias que recebem o auxílio. Para isso, foram investidos R$ 203 milhões no mês de dezembro. Nessas capitais, o valor médio do benefício variou entre R$ 154,82 em São Paulo – cidade com mais famílias no programa – e R$ 175,35 em Fortaleza, cujo benefício médio é o maior entre essas capitais.
Deixe sua opinião