As trinta cidades brasileiras que menos dependem do Bolsa Família se concentram em oito estados, especialmente os da região Sul. Esses municípios reúnem 13.667 famílias, que receberam um benefício médio de R$ 107,41 em dezembro, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O valor é inferior à média nacional, de R$ 186,78 neste mês.
Os municípios do Rio Grande do Sul dominam a lista: 12 cidades gaúchas estão entre as menos dependentes. O estado é seguido pelo Paraná (4), São Paulo (4), Santa Catarina (3), Goiás (2), Minas Gerais (2), Espírito Santo (1) e Mato Grosso (1). Dentre as cidades, Ponte Preta (RS) pagou o menor benefício médio no mês: as 17 famílias receberam aproximadamente R$ 82,88, aponta o MDS. Nesta lista, o auxílio médio mais elevado saiu para as famílias de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo: R$ 114,10 para 637 famílias. Ainda nesse ranking, as cidades gaúchas de Três Arroios e São Vendelino estão entre as que possuem menos famílias cadastradas no programa em todo o país: são três e cinco famílias que recebem o auxílio em cada cidade, cujos valores variam entre R$ 111 e R$ 114.
Para elaborar essa lista, foi levado em consideração o valor médio dos benefícios pagos para as famílias de cada cidade. Geralmente, municípios maiores possuem mais beneficiários e representam um gasto total mais elevado, mas o valor do auxílio pago a cada família é menor, na média. No caso de municípios pequenos, a quantidade de famílias cadastradas no programa também é menor -- a variação é do valor da bolsa.
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Em dezembro, 14,1 milhões de famílias receberam o Bolsa Família no Brasil, de acordo com o MDS. Foram desembolsados R$ 2,6 bilhões para efetuar os pagamentos. Desde agosto de 2017, não há famílias na lista de espera para receber o auxílio. Em dezembro, 574 mil novas famílias passaram a receber a bolsa.
Para receber o benefício do Bolsa Família, a renda familiar deve ser inferior a R$ 89 por pessoa. O benefício básico é de R$ 89 por família e há adicionais para filhos que frequentam escolas e estão em dia com questões de saúde, para gestantes e também há um valor calculado individualmente para famílias em situação de extrema pobreza. O Brasil não adotou uma linha oficial para medir a pobreza. Além do parâmetro da renda exigida para receber o Bolsa Família, há a linha de pobreza usada pelo Bando Mundial, que embasa estudos do IBGE. Nesse caso, são pobres os que possuem renda mensal inferior a R$ 406 e extremamente pobres aqueles que recebem menos de R$ 140 por mês.
A cidade que menos depende do Bolsa Família
A cidade gaúcha de Ponte Preta é pequena: a população é estimada em 1.572 pessoas em 2018, segundo o IBGE. Apesar de a origem do município, que fica na região de Erechim, remontar a 1910, a cidade só foi emancipada em 1992. Apenas 17 famílias recebem o benefício por lá.
O Atlas de Desenvolvimento Humano mostra que o IDHM da cidade era de 0,725 em 2010 – são os dados municipais mais atualizados disponíveis. Esse indicador coloca a cidadezinha em uma faixa de alto desenvolvimento, impulsionada sobretudo pela longevidade: a expectativa de vida por lá é de 77,44 anos. Na sequência, aparecem os indicadores de renda e educação.
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A economia da cidade gira em torno de pequenas propriedades rurais, com produção de milho, feijão, trigo, soja e fumo, além de criações de gado de leite, suínos e aves. Segundo o IBGE, em 2016, o salário médio mensal na cidade era equivalente a 2.4 salários mínimos e 15,4% da população estava ocupada. Os domicílios com rendimento mensal de até meio salário mínimo por pessoa representavam 23,3%. Ainda de acordo com o IBGE, a taxa de escolarização de crianças entre 6 e 14 anos é a melhor do Brasil: 100% estão matriculadas.
As condições de vida por lá também são mais aprazíveis: 42,4% dos domicílios têm esgotamento sanitário adequado. O instituto também mostra que 17,2% dos domicílios urbanos está em vias com urbanização adequada, ou seja: com bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.
Pequenas cidades dependem menos do Bolsa Família
Vespasiano Corrêa, no Rio Grande do Sul, é a cidade em que o governo federal menos paga por benefícios do Bolsa Família no Brasil. Em dezembro, foram desembolsados R$ 269 para auxiliar duas famílias – R$ 134,50 em média. A cidade tem população estimada em 1.835 pessoas.
Entre as cinco cidades brasileiras com menos famílias no programa – e consequentemente dinheiro investido – quatro estão no Rio Grande do Sul e uma em Santa Catarina. O município com menos cadastrados é Lacerdópolis, que tem população estimada de 2.235 pessoas: quatro famílias receberam em média R$ 140,50 no mês de dezembro pelo Bolsa Família.
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