Diminuíram os ataques no Ceará na quarta noite de ações criminosas no estado. Ao menos quatro atentados foram registrados, em Fortaleza, Maracanaú (região metropolitana) e Barroquinha (a 380 km da capital), menos do que nas três primeiras noites, quando passavam de dez entre a noite de um dia e madrugada de outro.
Até a manhã deste domingo (6), foram registrados quase 90 ataques – os alvos foram ônibus, prédios públicos e privados, Na noite de sábado (5), 100% dos homens da Força Nacional de Segurança foram para as ruas – o governo federal enviou 300 homens, a princípio por 30 dias, para ajudar no policiamento no Ceará, prioritariamente na capital e Grande Fortaleza.
O grupo está concentrado no Centro de Formação Olímpica (CFO), equipamento esportivo ao lado da Arena Castelão e que possui alojamentos. Outros 100 policiais militares cedidos pelo Governo da Bahia devem chegar a Fortaleza neste domingo (6).
Subiu para 103 o número de suspeitos detidos ou apreendidos – a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará não tem divulgado separadamente o número de adultos e adolescentes presos. Neste domingo (6) continua a operação especial nos ônibus de Fortaleza: apenas 108 dos mais de 1.100 veículos estarão nas ruas, todos com três policiais militares dentro por todo o trajeto. Ainda não está definida como será a operação na segunda (7).
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Onda de violência pode estar ligada a facções
Nos últimos quatro dias ações ocorreram também em presídios do estado, de onde, segundo investigação da polícia, teriam partido as ordens de membros de facções para os atentados. Foram apreendidos celulares, televisões e drogas. Há possibilidade, inclusive, de revisão da divisão de detentos por presídios com base na facção a que pertencem.
Os ataques ocorrem depois de Camilo Santana anunciar que uma das prioridades de seu segundo mandato será endurecer as regras em presídios, que hoje têm unidades divididas entre facções criminosas: as três mais fortes no estado são o PCC (Primeiro Comando da Capital) e GDE (Guardiões do Estado), que são aliados, e o CV (Comando Vermelho). A investigação apura se houve um acordo entre os rivais PCC e CV para realizar os ataques criminosos de maneira coordenada.
Santana criou uma secretaria exclusiva para o assunto, a de Administração Penitenciária, e escalou para comandá-la o policial civil e ex-secretário de Justiça do Rio Grande do Norte Luís Mauro Albuquerque e com função também no Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Na terça (1º), durante a posse dos secretários no Palácio da Abolição, Albuquerque disse que não reconhecia as facções criminosas e que os presídios têm que ser comandados pelo estado, não pelos criminosos-- nos últimos meses vídeos de detentos com celulares nas unidades circularam pela internet.
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Pedido do Pará
Depois do Ceará, agora o Pará também pediu ao ministro da Justiça, Sergio Moro, ajuda da Força Nacional para conter a violência no estado. A solicitação, feita pelo governador Helder Barbalho (MDB), chegou à pasta e está em análise.
“O Pará está mais violento que o Rio de Janeiro, proporcionalmente. O pedido feito foi por seis meses de Força Nacional no estado”, disse o delegado Éder Mauro (PSD-PA), que foi ao Palácio do Planalto falar com o presidente Bolsonaro.
Não há prazo para decisão do ministro da Justiça sobre o pedido de Barbalho. De acordo com a assessoria da pasta, até agora, essas foram as únicas solicitações recebidas.
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