A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informou, em nota, que vai recorrer da absolvição da advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB-RJ), e de Monica Carvalho, mulher do ex-secretário de governo Wilson Carlos – aliado do peemedebista. A ex-primeira-dama foi absolvida pelo juiz Sergio Moro das imputações de crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro por falta de prova suficiente de autoria ou participação.
O Ministério Público Federal vai apresentar recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região por entender que as provas produzidas demonstram que Adriana e Mônica participaram dos crimes cometidos de forma consciente. Cabral foi condenado nesta terça-feira (13) a 14 anos e 2 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-governador é acusado de receber propina de R$ 2,7 milhões sobre obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O caso de Cabral e sua esposa não é o primeiro envolvendo casais julgado por Moro na Lava Jato. Recentemente, Moro também inocentou outra esposa implicada no petrolão por causa do marido: a jornalista Claudia Cruz, mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha.
Desde a deflagração da Lava Jato, em 2014, pelo menos dez casais acabaram na mira da operação. Relembre a seguir outros casos:
Sergio Cabral e Adriana Anselmo
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, responde a um processo em Curitiba e outros nove na Justiça Federal do Rio de Janeiro – todos envolvendo a Lava Jato. Em Curitiba, o Ministério Público Federal (MPF) acusou o político de receber propinas por contratos da Andrade Gutierrez com o governo do Rio de Janeiro. Ele foi condenado a 14 anos de prisão. Já Adriana Anselmo foi absolvida por Moro neste processo. Ela ainda responde a outras acusações no Rio de Janeiro.
Wilson Carvalho e Mônica Araújo
No mesmo processo envolvendo Cabral, Moro também condenou nessa terça-feira o ex-secretário de governo Wilson Carvalho. A pena determinada por Moro foi de 10 anos e oito meses de prisão em regime fechado. A esposa de Wilson, Mônica Araújo, também era ré no processo, mas foi absolvida por Moro do crime de lavagem de dinheiro.
Eduardo Cunha e Cláudia Cruz
Embora respondam a processos diferentes, o ex-deputado federal Eduardo Cunha e a jornalista Claudia Cruz foram alvos da operação Lava Jato. Cláudia foi denunciada pelo MPF por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, mas foi absolvida por Moro por falta de provas. O procurador da Lava Jato Carlos Fernando Lima chegou a atribuir a absolvição ao “coração generoso” de Moro. Enquanto isso, Cunha foi condenado pelo magistrado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele está preso no Complexo Médico Penal, na Região Metropolitana de Curitiba, desde outubro do ano passado.
Lula e Marisa
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a dois processos da Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba. Nos dois, foi denunciado pelo Ministério Público Federal junto com sua esposa, Marisa Letícia. Com o falecimento de Marisa, ela foi retirada dos processos que correm em Curitiba. Os processos tratam da compra de um tríplex no Guarujá – este em fase de alegações finais e com possibilidade de sentença ainda em junho – e da compra de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e o aluguel de um apartamento em São Bernardo. Recentemente, Lula foi denunciado novamente em Curitiba por causa do sítio em Atibaia, interior de São Paulo.
João Santana e Mônica Moura
O casal de marqueteiros foi condenado por Moro a 8 anos e quatro meses de prisão cada um em um dos processos da Lava Jato. Ambos firmaram com a Procuradoria Geral da República um acordo de colaboração premiada e relataram diversos pagamentos via caixa dois para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre outras irregularidades. Os dois também colaboraram com as investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um processo que acusava a chapa Dilma-Temer de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014 – os ministros acabaram absolvendo a chapa.
Alberto Youssef e Nelma Kodama
O casal de doleiros foi preso e condenado na Lava Jato e ambos acabaram firmando acordos de colaboração premiada. A doleira, inclusive, protagonizou um dos momentos mais inacreditáveis da CPI da Petrobras em Curitiba, ao descrever seu relacionamento com Youssef.
Questionada por um deputado sobre a relação, respondeu: “Depende do que o senhor chama de amante. Eu vivi maritalmente com ele. Amante é uma palavra que engloba tudo, né? Ser amiga, companheira, uma coisa bonita”, disse. Em seguida, a doleira cantou um trecho da música “Amada Amante” de Roberto Carlos, para os deputados da CPI. Nelma foi presa com 200 euros na calcinha tentando embarcar para a Europa – fato que ela também negou durante a CPI. Atualmente, está em prisão domiciliar por causa do acordo de colaboração.
Já Youssef, depois de cumprir dois anos e seis meses de prisão em regime fechado, passou para o regime domiciliar em novembro do ano passado e atualmente está em liberdade. Ele foi um dos primeiros investigados a firmar acordo de colaboração premiada na Lava Jato.
André Vargas e Eidilaira Gomes
A esposa do ex-deputado federal André Vargas, Eidilaira Gomes, também acabou virando ré em um dos processos da Lava Jato, acusada de lavagem de dinheiro. O MPF acusou o casal e o irmão do ex-deputado, Leon Vargas, de comprar, com recursos criminosos, um imóvel Londrina, no norte do Paraná. Moro condenou os irmãos Vargas no processo, mas absolveu Eidilaira por falta de provas.
Carlos Habib Chater e Dinorah Abrão Chater
Dinorah Abrão Chater e o marido, Carlos Habib Chater, foram denunciados juntos em 2014 em um processo envolvendo a lavagem de R$ 1,1 milhão do ex-deputado José Janene, que seriam provenientes do Mensalão. Por ordem de Moro, o processo foi desmembrado e Dinorah e outros réus soltos ainda não foram sentenciados no caso. Já o doleiro Carlos Habib Chater foi condenado a 4 anos e nove meses de prisão, junto com outros três réus. Chater é o dono do Posto da Torre, em Brasília, que inspirou o nome da Lava Jato. O estabelecimento era utilizado para lavar dinheiro e entregar recursos a políticos.
Fabio Correa e Márcia Correa
O casal Fábio Correa e Márcia Correa acabaram sendo denunciados pelo MPF junto com o ex-deputado federal Pedro Correa na Lava Jato. Os dois são, respectivamente, filho e nora do político. Moro, porém, absolveu os dois por falta de provas ao condenar Pedro Correa a 20 anos de prisão em regime fechado.
Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo
A senadora Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernardo também são alvos da Lava Jato, embora nenhum deles responda a processos em Curitiba. Paulo Bernardo chegou a ser preso na operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato em São Paulo que investiga irregularidades em contratos de empréstimo consignado da Consist com servidores do Ministério do Planejamento, em 2010. O caso teve início depois do fatiamento da Operação Pixuleco II, deflagrada por Curitiba.
Já Gleisi é ré no Supremo Tribunal Federal (STF), acusada de receber dinheiro da Petrobras na campanha de 2010 - Paulo Bernardo também é réu nesse processo. O processo se baseia em delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa. A defesa da senadora aponta contradições nos depoimentos.
Os dois também são citados em depoimentos de colaboração premiada de outros investigados na Lava Jato.
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