Dois atiradores encapuzados invadiram nesta quarta-feira (13) a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande de São Paulo, e dispararam contra estudantes e funcionários. Eles mataram pelo menos cinco alunos, duas funcionárias da escola e um comerciante. Há outros 11 feridos. A escola foi isolada para os trabalhos de perícia.
Os atiradores – Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luís Henrique de Castro, 25 anos – se suicidaram após o ataque, segundo a Polícia Militar. Segundo o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, eles eram ex-alunos da Escola Raul Brasil. Campos disse que, antes de atacar o colégio, a dupla roubou um Ônix branco, utilizado para chegar à escola.
LEIA TAMBÉM: Quem são as vítimas do massacre na Escola Raul Brasil
O coronel Salles, da Polícia Militar, que participa do atendimento ao caso, disse que os atiradores entraram na escola na hora do intervalo, após atirar contra um comerciante, dono de uma revenda de carros e lava car, que fica próximo à escola. Depois, atiraram em uma coordenadora pedagógica e em uma supervisora, e se dirigiram ao pátio, onde atingiram alunos de ensino médio. Depois seguiram para um centro de línguas.
Na mochila dos atiradores havia três coquetéis molotov, duas bestas (lança-seta) e um revólver 38. Uma terceira mochila foi encontrada com uma espécie de bomba, de acordo com informações do Major Caruso, subcomandante do 32.º Batalhão com sede em Suzano.
INFOGRÁFICO: Outros casos de atiradores em escolas no Brasil
Segundo um vizinho da escola, o atentado aconteceu pouco após o início das aulas no período da manhã. “Moro ao lado, vi um tumulto e fui para lá. Cheguei e estava um tumulto, várias crianças saindo correndo ensanguentadas. Um desespero, professor, funcionário, todos correndo”, afirmou o vizinho, que se identificou apenas como Juliano.
A escola oferece ensino fundamental e médio e um centro de estudos de língua. A unidade educacional tem ao cerca de mil alunos, a partir da 5ª série. A maioria dos estudantes está no ensino médio (693), parte nos anos finais do ensino fundamental (358) e alguns na educação especial (16), segundo informações de 2017. Ao todo, são 105 funcionários. A nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2017 foi 5,8, abaixo da meta nacional, de 6.
LEIA MAIS: Por que os tiroteios em massa acontecem?
Alunos relatam o que aconteceu
“Estava saindo do banheiro quando ouvi um barulho de explosão, mas achei que fossem os meninos brincando de atirar bombinha. Eles sempre fazem isso. Mas ouvi outras dez, quinze explosões e então percebi que eram tiros”, conta Maria Paula Guimarães de Lima, de 16 anos, que estuda e estava na escola estadual Raul Brasil, em Suzano (SP).
Segundo a estudante, antes de ir ao banheiro, ela tinha ido à secretaria da escola, onde os atiradores começaram a atirar. “Quando percebi que eram tiros de verdade e ouvi os professores gritando, voltei para o banheiro para me proteger. Havia umas dez pessoas se escondendo comigo, nós ficamos rezando, pedindo para viver”, conta a estudante.
LEIA TAMBÉM: Polícia investiga se atiradores planejaram ataque em fórum de games
Ela diz acreditar que ficou entre 30 e 40 minutos dentro do banheiro e só saiu do esconderijo minutos após os tiros cessarem. “A gente não sabia o que estava acontecendo. Eu peguei meu celular e liguei pra polícia e só saí de lá quando senti que não havia mais perigo”, conta.
Maria Paula diz que a escola tinha algumas brigas entre alunos, mas “nada sério” e que tenha chegado à direção. “Eu estudo aqui há dois anos, nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Eu gosto da minha escola, dos meus amigos, nunca pensei que alguém pudesse querer nos machucar”, contou a jovem, que estava do lado de fora da unidade de ensino, acompanhada da mãe.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião