Um dia antes do primeiro turno das eleições 2018, manifestantes pró-Bolsonaro se reuniram no Parque Barigui, em Curitiba, logo pelas manhã uma carreata. Cheio de bandeiras do Brasil e camisetas com a foto do presidenciável, o ato também não deixou de lado as ofensas a eleitoras de Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT).
“Quem vota no Ciro é sirigaita. Quem vota no Haddad é retardada e quem vota no Bolsonaro é bolsogata!”, exclamava uma das líderes do evento, discursando em cima de um carro de som parado no estacionamento do parque, por volta das 10h deste sábado.
Com diversos pontos de venda de objetos em homenagem ao candidato, os organizadores pediam para que as pessoas comprassem camisetas e bandeiras diretamente com a organização da manifestação. “Vamos ajudar a gente, porque nós temos contas para pagar. Bandeiras, R$ 30. Camisetas, R$ 40. Só tem mais 30 camisetas, aqui, gente. Vamos comprar, temos que pagar o caminhão.”
A porta-voz da organização também comemorava, em cima do caminhão de som, a fila de carros que se formava na BR 376 (Rodovia do Café) ao lado do estacionamento. E não poupava esforços para divertir o eleitorado bolsonarista. “Nossa batedora é uma advogada. Como nós somos coxinhas, né? Eu adoro ser coxinha!” Muitos dos presentes tiravam fotos e gravavam vídeos para registrar o ato. Havia até mesmo um drone.
Contra os vermelhos
Além da referência a eleitoras de Ciro e Haddad, os organizadores também criticavam a esquerda de maneira geral. “Os vermelhos estão desesperados porque a farra vai acabar. Vamos derrotar os ‘esquerdopatas’ e vai ser amanhã, no primeiro turno.”
Antes de sair do parque em direção à Havan da Linha Verde, os correligionários de Bolsonaro cantaram o hino nacional e exaltaram o verde e amarelo da bandeira brasileira. Ao final da execução, os carros presentes no estacionamento promoveram um buzinaço enquanto a líder, no carro de som, gritava “Brasil, Brasil, Brasil!”, acompanhada de outros apoiadores.
A organização também pareceu preocupada com a segurança dos manifestantes. “Hoje nós temos seguranças porque, no ato do último domingo, uns idiotas jogaram pedras no nosso caminhão.”
Chuva atrapalha
O impulso do início da carreata perdeu força pela caminho devido à chuva que caiu em Curitiba no final da manhã. Foram várias horas para chegar à Havan. O carro de som só entrou no estacionamento da loja às 13h30. De cima dele, os líderes do ato davam as boas-vindas aos gritos de “primeiro turno” e “vamos varrer esse comunismo, petismo e socialismo”. A manifestação era embalada por uma música eletrônica que repetia “é o Bolso” e “é o mito”. A música só dava trégua para intercalar com rojões e uma gravação do candidato falando em acabar com “o fantasma do comunismo”.
Poucos apoiadores, no entanto, se arriscavam a sair dos carros debaixo de chuva. A maioria se manifestava de dentro deles, buzinando.
Passeata cancelada
Um novo protesto, desta vez uma caminhada pelo Centro da cidade, estava marcado para ocorrer na tarde deste sábado. Devido ao mau tempo, no entanto, o evento acabou sendo cancelado.
O protesto faria o trajeto entre a Praça Santos Andrade, onde fica o câmpus histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Boca Maldita, tradicional local de protestos da capital paranaense.
Um grupo compareceu mesmo com o cancelamento. Cerca de 30 pessoas, com bandeiras do Brasil e roupas em verde e amarelo, decidiram seguir da praça para o shopping Estação, no Centro de Curitiba, a cerca de um quilômetro dali.
Concentrados na praça de alimentação, os manifestantes começaram a entoar cânticos de apoio ao candidato Bolsonaro. A cantoria foi interrompida, no entanto, após pedido dos seguranças.
Em nota, o shopping informa que respeita manifestações, mas pondera não ter estrutura para receber protestos e aglomerações de grandes grupos em seu interior. Confira, na íntegra:
“O empreendimento informa que respeita manifestações democráticas e pacíficas, mas reitera que o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de protesto e aglomeração de grandes grupos. O centro de compras reforça ainda que não possui qualquer vínculo com partidos, candidatos ou instituições políticas e ressalta que todas as suas normas buscam sempre garantir a segurança, conforto e bem estar de seus frequentadores, lojistas e colaboradores.”
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião