Na mesma semana em que a força-tarefa da Lava Jato pediu duas vezes o apoio da população ao combate à corrupção, movimentos de Curitiba e de todo país organizam atos favoráveis às investigações em pelo menos 32 cidades. Em Curitiba, um ato está previsto para este domingo (3), em frente à Justiça Federal, no Ahú, onde trabalha o juiz Sergio Moro. Também há atos programados para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, entre outras cidades.
Segundo a porta-voz do grupo Curitiba Contra a Corrupção, Narli Resende, são esperadas em torno de 500 pessoas para o ato de domingo, que começa às 15 horas e deve se estender até às 18 horas. Os grupos que organizam o ato também vão fazer uma carreata no sábado (2), com o objetivo de chamar a população para o evento do dia seguinte. A carreata vai sair da Praça Nossa Senhora da Salete, às 15 horas, com destino à Justiça Federal, no Ahú.
Durante o ato de domingo os líderes dos movimentos devem discursar e ler manifestos a favor da operação. “Será um manifesto de apoio para que a Lava Jato siga fazendo seu trabalho, de apoio ao MPF, de apoio à PF e um repúdio veemente aos que querem impedir a Lava Jato de seguir seu caminho”, diz Narli.
Os organizadores devem aproveitar o ato para distribuir adesivos no entorno da Justiça Federal, de apoio à operação. O ato foi programado por uma série de motivos, segundo Narli. Entre eles estão projetos de lei que tendem a dificultar as investigações, em tramitação no Congresso, a nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, o aniversário de um ano da desconfiguração do pacote de 10 Medidas Contra a Corrupção na Câmara dos Deputados e a comemoração ao Dia Internacional de Combate à Corrupção, comemorado no dia 9 de dezembro.
“A gente quer que as pessoas se conscientizem que temos um Brasil para mudar e só vamos conseguir isso indo para a rua”, diz Narli.
250 pessoas confirmadas
No evento criado no Facebook para divulgação do ato, havia cerca de 250 presenças confirmadas até o fim desta quinta-feira (30) e outros 690 interessados em comparecer.
Apesar de pedir o apoio da população duas vezes nesta semana, uma vez no Rio de Janeiro e outra ao ler um manifesto durante coletiva de imprensa na quarta-feira (29), o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), disse que os atos previstos não devem servir como termômetro do apoio da população às investigações.
“Algumas pesquisas mostram que o que é mais determinante em mudanças sistêmicas contra a corrupção e mudanças significativas não é tanto a população ir à rua. A população ir à rua tem um papel importante sim a desempenhar, isso acontece e aconteceu em diversas democracias em momentos críticos”, disse. “Agora, o que nós vemos no passado em outros países é que mudanças mais consistentes aconteceram por meio da articulação das diversas entidades da sociedade civil, das associações de componentes de órgãos públicos. Foi essa articulação de pessoas representativas, de líderes da sociedade, de entidades da sociedade civil que trouxeram mudanças mais profundas e mais permanentes”, completou o coordenador da operação.
Deixe sua opinião