Mudanças no primeiro escalão do governo devem ocorrer nos próximos dias com o recesso parlamentar e a paralisação da análise da denúncia por corrupção contra o presidente Michel Temer (PMDB) pela Câmara dos Deputados. O Palácio do Planalto deve aproveitar essas “férias” dos deputados para articular nomeações de ministérios vagos e de interesse dos partidos para assegurar mais apoio de parlamentares que vão votar pelo prosseguimento ou não da acusação. As pastas da Cultura e da Transparência estão com o principal cargo vago e devem ser as primeiras a receberem nomes indicados por Temer.
A tendência é que o Planalto tente se aproximar do chamado Centrão, grupo de parlamentares que reúne PP, PR, PSD, PTB e PRB, para ampliar a margem de segurança para barrar a denúncia. Os partidos devem ser considerados na hora da distribuição de cargos nos ministérios. PMDB e o grupo somam cerca de 200 votos, Temer precisa de 172 para arquivar a acusação na Câmara.
A frágil aliança entre PSDB e governo também deve pautar as discussões sobre uma possível mudança de cadeiras na Esplanada. Desde a revelação da delação premiada de executivos do grupo J&F, que colocou Temer no centro da crise política, o PSDB rachou e a ala do partido que defende seu desembarque da base aliada tem crescido. Lideranças da legenda já defendem que o rompimento com Temer para não comprometer o desempenho eleitoral da sigla em 2018, tais como o presidente em exercício, senador Tasso Jereissati (CE), o prefeito de São Paulo, João Dória, e o governador paulista, Geraldo Alckmin.
Mas esse desligamento do governo não seria tão simples, pois os tucanos comandam quatro ministérios na Esplanada: Cidades, Secretaria de Governo, Relações Exteriores e Direitos Humanos. Desses, o primeiro, nas mãos de Bruno Araújo (PE), é o mais relevante pela capilaridade de cargos e pelo orçamento administrado. Por isso, torna-se uma importante moeda de troca nas mãos de Temer.
Outra opção seria uma troca no Ministério de Direitos Humanos, que é chefiado por Luislinda Valois. Por se tratar de uma pasta que recebe menos destaque na administração Temer – focado em reformas da área econômica – pode ser mais manejável sem prejuízo político na avaliação do Planalto.
O governo deve observar os próximos movimentos dos tucanos em defesa ou não do Palácio do Planalto para avaliar a viabilidade de uma mudança nas direções dos ministérios. Antônio Imbassahy (BA), articulador político do governo, e Aloysio Nunes (SP), do Itamaraty, costumam defender Temer. Por isso, não devem perder seus postos.
A decisão sobre uma reforma ministerial deve ser baseada na soma de votos que possam contribuir para impedir o avanço dessa denúncia contra Temer e das próximas que virão.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para o dia 2 de agosto a sessão de votação da denúncia contra Temer. Até lá, além da conta de votos e articulações para garantir mais apoio, o Palácio do Planalto deve focar em apresentar uma agenda positiva, ou seja, selecionar divulgações de bons resultados do governo para municiar os deputados aliados em sua defesa na volta aos trabalhos legislativos no próximo mês. O recesso parlamentar começa em 18 de julho.
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