Não faltam aliados do governo defendendo que a reforma da Previdência fique para depois das eleições presidenciais de 2018. Essa opção tem um custo elevado, equivalente, no acumulado de uma década, a quase 4% de todas as riquezas produzidas pelo país em um ano.
Segundo cálculo de Nilson Teixeira, economista-chefe do banco Credit Suisse no Brasil, o custo para a sociedade deixar a reforma para 2019 será de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado de dez anos, até 2027. Ele divulgou os números em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
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Teixeira fala em custo para a sociedade porque o déficit da Previdência – que se aproxima de R$ 200 bilhões por ano apenas no INSS – é coberto pelo Tesouro Nacional, ou seja, pelos impostos pagos por todos os contribuintes. Como a reforma adia aposentadorias e reduz o tamanho dos benefícios, ajuda a controlar o déficit futuro, limitando um pouco a conta a ser paga pela sociedade.
Mas o economista ponderou que “deve-se começar pelos privilégios”, e aí não falou apenas de Previdência. “A elite tem muitos privilégios, em todas as ramificações”, apontou. “Abatimento de despesas médicas e de educação no Imposto de Renda são R$ 17 bilhões. Metade do Bolsa Família. É correto taxista não pagar imposto na compra do carro? Só rico anda de táxi. É razoável água mineral ter algum tipo de abatimento de imposto? Quem bebe água mineral? Só rico.”
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Governo perdeu tempo
Na entrevista, Teixeira disse que a reforma da Previdência terá “uma votação apertada”. E afirmou que a equipe do Ministério da Fazenda, mesmo sabendo o o que “precisava ser feito”, demorou muito a apresentar a proposta da nova legislação.
“O que o país está passando agora é um grande aprendizado para o próximo presidente. Uma proposta gradualista como foi a buscada pelo presidente Michel Temer não se mostrou a melhor alternativa. A mensagem é: aproveite os primeiros 100 ou 180 dias, o primeiro ano de mandato para aprovar todas as medidas necessárias, mais duras”, disse. “É sempre muito volátil, muito incerto, por isso precisa fazer no começo, quando se é capaz de construir a maioria. Quanto mais tempo leva, mais difícil.”
Banco Central
Na ata de seu último encontro em 2017, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central defendeu as reformas encaminhadas pelo governo.
“A aprovação e implementação e das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade”, afirmaram os membros do colegiado, que são diretores do BC.
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