Gilmar Mendes| Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Pelo menos um dos dossiês elaborados pela equipe da Receita Federal que investigou o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e outros 133 agentes públicos, foi enviado para Marco Aurelio da Silva Canal, supervisor da Equipe de Programação da Operação Lava Jato.

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A informação está em documentos enviados à Procuradoria-Geral da República pela própria Receita Federal.

Na semana passada, a PGR questionou o órgão sobre a fiscalização feita sobre Gilmar Mendes e a divulgação ilegal de seus dados para a imprensa.

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A Receita, por sua vez, informou que o vazamento ocorreu por causa de um equívoco do auditor que realizava as diligências preliminares contra o magistrado.

Ele teria disponibilizado o dossiê de Gilmar Mendes para outros contribuintes que também eram investigados. O erro poderia ter ocasionado o vazamento de informações, segundo a Receita.

Com isso, o órgão tenta afirmar que não houve intenção de qualquer um de seus funcionários de divulgar ilegalmente dados do magistrado.

Para embasar as explicações, a Receita enviou aos procuradores outro dossiê, do desembargador Luiz Zveiter, do Rio de Janeiro, e de empresas ligadas ao escritório de advocacia de familiares dele.

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A documentação mostra que o dossiê de Zveiter, feito por Luciano de Castro, o mesmo auditor que assina o relatório de Mendes, foi endereçado ao supervisor da Lava Jato.

A tramitação do dossiê de Zveiter levanta a hipótese de que as investigações preliminares da Receita podem estar sendo coordenadas pela Lava Jato.

Questionada, a Receita ainda não se manifestou sobre o caso.

Auditores ouvidos pela reportagem levantam a hipótese de o auditor Marco Aurélio da Silva Canal integrar também a equipe de combate a fraude, que investiga 134 contribuintes independentemente de qualquer conexão deles com operações policiais.

Desde o vazamento de documentos da Receita que mostravam que Mendes é alvo de uma “análise de interesse fiscal” por suspeita de “corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência”, o magistrado tem acusado o órgão de abrigar “milícias institucionais” ocupadas em preparar dossiês contra seus desafetos.

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A Receita já afirmou que Mendes não está sendo fiscalizado e desautorizando os termos usados pelos auditores nas análises feitas sobre ele.