Marina Silva e Ciro Gomes: empatados na segunda colocação| Foto: Reprodução/Twitter

A ausência do deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder isolado na corrida eleitoral, pairou sobre o debate realizado entre os presidenciáveis realizado na noite deste domingo (9). Foram poucas as menções diretas ao ex-militar. Mas o fato de ele ter sido vítima de uma facada forçou seus adversários a adotarem um tom mais ameno, quase amigável. Em um momento em que a violência política toma conta das discussões públicas, todos tentam fugir da pecha de extremistas.

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Temas ligados a Bolsonaro, como leis menos rígidas para o porte de armas e a militarização da segurança e da educação, ficaram de fora. Cederam espaço para assuntos mais clássicos de campanhas eleitorais, como educação, saúde e segurança pública. Até o saneamento básico, tema conhecido por ter pouco apelo eleitoral, teve seu quinhão.

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De forma irônica, o candidato que mais vezes citou e fez questão de se solidarizar com Bolsonaro foi Geraldo Alckmin (PSDB). Responsável por costurar a mais ampla aliança política, o que lhe garantiu o maior tempo de televisão, Alckmin vinha com dificuldades de subir nas pesquisas, possivelmente por ser considerado muito ameno pelo eleitorado.

Por isso mesmo, a campanha do tucano adotou, nas últimas semanas, a estratégia de rivalizar com Bolsonaro, criticando duramente opiniões do deputado sobre mulheres e segurança. Apesar de toda esta solidariedade demonstrada no debate, Alckmin mantém as inserções críticas no horário eleitoral gratuito.

A falta de um algoz prejudicou candidatos que rivalizam com Bolsonaro. Em especial Marina Silva (Rede), que ganhou pontos ao confrontar o deputado de forma dura, no debate da RedeTV! O discurso pacifista de Marina, ainda que combine com seu perfil político, pode não ter o mesmo apelo que o seu perfil combativo. Ela também fez questão de demonstrar solidariedade ao adversário.

O tom morno não se deve apenas à ausência física de Bolsonaro, mas às estratégias que as campanhas passaram a adotar nos últimos dias. O fato de um candidato ter sido vítima de um ataque fez com que todos (inclusive o próprio Bolsonaro) migrem para um discurso contrário de crítica à polarização política. Há uma aposta de que a campanha que vender a ideia de que pode unir e pacificar o país pode ganhar a simpatia do eleitorado.

Além disso, os seis candidatos que participaram do debate disputam poucos votos entre si. Vale lembrar que, somados, os presidenciáveis que participaram do debate têm pouco menos de 40% das intenções de voto nas últimas pesquisas eleitorais. Já Bolsonaro, indecisos e o PT, juntos, têm cerca de 60%. É neste bolo que os adversários estão de olho.

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Quem soube aproveitar melhor a ausência de Bolsonaro foi Ciro Gomes (PDT). Considerado por jornalistas da Gazeta do Povo o vencedor do debate, Ciro aproveitou o momento para desconstruir sua imagem de “destemperado”, e conseguiu trazer propostas políticas de uma forma palatável para o eleitorado. Ciro conseguiu unir o discurso propositivo a uma imagem de líder político firme e carismático. Alckmin, por sua vez, também apostou nas proposições, mas patinou no quesito carisma.

Bate-bola

A ausência de Bolsonaro cedeu espaço para uma série de momentos de “bate-bola” entre os candidatos. Até mesmo Ciro e Marina que, empatados em segundo lugar, seriam favoritos para rivalizar, optaram pela troca de gentilezas. Ambos fizeram perguntas entre si, abrindo espaço para que o opositor listasse suas propostas para áreas como saúde e educação.

Até mesmo Boulos (Psol) e Alvaro Dias (Podemos) trocaram opiniões próximas, ao criticarem a estrutura bancárias brasileira, primeiro, e os privilégios do poder judiciário, em um segundo momento. Até mesmo Boulos, candidato com matiz mais à esquerda do debate, evitou rivalizar com Bolsonaro, e chegou a criticar a polarização política.

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