O terrorista italiano Cesare Battisti, enviado à Itália em janeiro, admitiu em um depoimento à Justiça da Itália que foi responsável pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970 – quando militava no grupo Proletários Armados pelo Comunismo. Foi a primeira vez que Battisti confessou os crimes pelos quais foi condenado à prisão perpétua na Itália.
Para se manter como asilado político no Brasil, Battisti negava os homicídios e alegava sofrer perseguição política – argumento que foi usado pelo governo Lula para negar a sua extradição à Itália. A confissão de Battisti foi usada pelo presidente Jair Bolsonaro para criticar o PT e a esquerda.
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O que Battisti disse no depoimento
No interrogatório, Battisti confessou que é responsável por quatro homicídios, três ferimentos graves e uma série de roubos. “Vou falar do que eu sou responsável e não vou falar de mais ninguém”, disse o italiano segundo os meios de comunicação italiano. Battisti afirmou que, dos quatro assassinatos, foi o executor direto de dois. Ele ainda pediu desculpas às famílias das vítimas durante o interrogatório que durou nove horas.
Os assassinatos cometidos pelo PAC, grupo de luta armada de esquerda, sob responsabilidade de Battisti aconteceram entre 1977 e 1979. Foram mortos o agente penitenciário Antonio Santoro, o joalheiro Pierluigi Torregiani, o açougueiro Lino Sabadin e o agente policial Andrea Campagna.
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Na década de 1980, o italiano fugiu de seu país, tendo vivido na França até 2004, quando veio ao Brasil. Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Battisti obteve status de refugiado político. O ex-presidente Michel Temer (MDB) decidiu extraditá-lo e obteve aval do Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro do ano passado.
O italiano, porém, fugiu mais uma vez, tendo sido encontrado em janeiro, na Bolívia, onde foi preso e expulso para a Itália.
Bolsonaro: “Battisti,vivia colônia de férias no Brasil proporcionada pelo PT”
O presidente Jair Bolsonaro (PSL), que defendeu a extradição do italiano em sua campanha eleitoral, afirmou nesta segunda-feira (25) pelas redes sociais que o Brasil não será mais “paraíso de bandidos”. Ele também criticou a esquerda por ter abrigado o terrorista. “Battisti, ‘herói’ da esquerda, que vivia colônia de férias no Brasil proporcionada e apoiada pelo governo do PT e suas linhas auxiliares (PSOL, PCdoB, MST), confessou pela primeira vez participação em quatro assassinatos quando integrou o grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo”, afirmou Bolsonaro.
“Por anos denunciei a proteção dada ao terrorista, aqui tratado como exilado político. Nas eleições, firmei o compromisso de mandá-lo de volta à Itália para que pagasse por seus crimes. A nova posição do Brasil é um recado ao mundo: não seremos mais o paraíso de bandidos!”, completou.