O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa básica de juros, a Selic, de 7,5% para 7% ao ano – a menor da história recente da economia. A reunião encerrada nesta quarta-feira (6) foi a última do ano e a décima seguida em que o Copom reduziu os juros. A decisão foi unânime.
O atual ciclo de queda da Selic começou em outubro de 2016, quando a taxa caiu de 14,25% ao ano para 14% ao ano. A expectativa do mercado é que ainda haja mais um corte no início de 2018, para 6,5% ou 6,75% ao ano, dependendo da percepção do Banco Central sobre as condições macroeconômicas.
As seguidas decisões do Copom foram influenciadas pela combinação de queda acentuada da inflação com a recessão profunda da economia. A expectativa do mercado é que o IPCA, índice usado para se estabelecer a meta de inflação, encerre o ano em 3,08%, diante de uma meta de 4,5%, segundo o último boletim Focus (pesquisa do BC com agentes do mercado financeiro). Para o ano que vem, a expectativa está em 4,02%, também abaixo da meta.
Ao mesmo tempo, o BC percebe poucos riscos de a atividade econômica pressionar preços. A economia ainda está se recuperando de uma recessão que durou dois anos e meio. Com muita capacidade ociosa, desemprego em alta e câmbio estável, há poucos riscos de a retomada se tornar inflacionária.
No comunicado divulgado após a decisão, o Copom indicou que uma nova redução da taxa básica de juros pode ser “adequada” caso o cenário econômico evolua conforme a expectativa do BC. Segundo o Banco Central, o comportamento da inflação permanece favorável, mas avalia que há riscos, entre eles efeitos do choque favorável nos preços de alimentos e a frustração das expectativas sobre a aprovação das reformas.
“O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê”, disse em nota.
A queda dos juros também deve ajudar a impulsionar a economia, após um terceiro trimestre de quase estabilidade. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,1% no terceiro trimestre e ficou praticamente estável em relação aos três meses imediatamente anteriores.
Ainda assim, é o terceiro trimestre seguido de resultado positivo. O resultado veio um pouco abaixo do previsto pelos analistas, que esperavam uma alta de 0,3%. No entanto, o IBGE revisou o desempenho do PIB em trimestres anteriores, puxando para cima o resultado da economia no acumulado do ano.
Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,4% entre julho e setembro deste ano. Neste ano, até setembro, a expansão é de 0,6%. Antes da divulgação deste resultado, a expectativa dos analistas era de um crescimento do PIB de 0,7% em 2017. No ano, segundo o Focus, a economia brasileira deve crescer 0,89%.